Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Menon: O beijo proibido de Pikachu é a cara do Brasil da punição seletiva
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Uma mulher, miserável e paupérrima, foi presa por furtar miojo e mais algumas coisas de um supermercado. Um total de R$ 21. Mais do que custa ao Estado um dia de um preso na cadeia.
E os filhos que ela iria alimentar com o miojo? Comeram o quê? Ficaram com quem? Sentiram falta da mãe? Têm pai?
Estamos falando do país das rachadinhas, do país onde se papa propina por vacina, do país em que osso de boi e carcaça de peixe ganham status de prato principal.
Iguaria única. No sentido de unitária.
E o futebol?
Yago Pikachu levou cartão amarelo por mandar dois beijos irônicos para a torcida da Chapecoense após converter um pênalti aos 48 do segundo tempo.
Um pênalti marcado pela tensão. Árbitro e bandeirinha não viram o zagueiro da Chape esticar o braço. Não veriam também um tiranossauro rex tomando banho de sol no quintal de suas casas.
Como o pênalti não foi marcado, a Chape foi ao ataque e fez o gol. O VAR chamou. Gol anulado. Pênalti marcado. Gol de Pikachu. E o beijo punido.
O juiz está mais atento no beijo do que no pênalti. Mais atento em punir do que em apitar corretamente. Se tivesse apitado corretamente, nem beijo haveria.
Fico imaginando o árbitro e o bandeirinha no supermercado no dia em que aquela senhora foi pega roubando um miojo, pasta de dente e outras coisas.
Intercederiam a seu favor?
Ajudariam a pagar os tais 21 reais?
Nada.
Recorreriam às filmagens da câmera (o VAR dos supermercados) e, imediatamente, sacariam um cartão amarelo para ela, a mãe que tentava alimentar os filhos.
Amarelo, não. Vermelho.
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