Topo

Menon

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Casares: "2021 é pra sair da agonia, 2022 é para iniciar a reconstrução"

Hernán Crespo, técnico do São Paulo, ao lado do presidente Julio Casares - Divulgação/São Paulo FC
Hernán Crespo, técnico do São Paulo, ao lado do presidente Julio Casares Imagem: Divulgação/São Paulo FC

14/09/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

No dia 28 de julho, o São Paulo venceu o Vasco por 2 a 0 pela Copa do Brasil. Júlio Casares estava no Morumbi. Começou a tossir e sentir sintomas de febre.

No dia seguinte, fez exame da covid-19 e deu positivo. Foi até o hospital sem maiores preocupações, dirigindo seu carro. Pensou que fosse um bate-volta. E foi internado. Passou 12 dias intubado.

Agora, recuperado, faz fisioterapia e sente sono e cansaço seguidamente. E está feliz. "O pior passou. Escapei de boa e estou voltando ao trabalho. Faço muita coisa aqui de casa. Inclusive, tenho reunião online daqui a pouco. Vamos começar a entrevista?

Vamos:

Menon: Está claro, e o São Paulo assume isso que o Reffis está ultrapassado. Você pretende colocar algum dinheiro lá esse ano?

Julio Casares: Não. Não tem dinheiro. Fizemos um projeto e estamos buscando investidores. Uma ideia é vender o nome do CT para uma empresa. Se não conseguirmos nada, vamos tocar com nosso dinheiro o ano que vem. Esse ano é uma agonia, o ano que vem será de reconstrução do clube.

Agonia não é exagero?

Não é. É a realidade. As causas são claras. A pandemia acabou com receita de público. Nada dos camarotes. A janela de transferência foi zero. E as dívidas, né? Só para empresários devemos mais de 100 milhões.

Crespo no CT do São Paulo - Fellipe Lucena/São Paulo FC - Fellipe Lucena/São Paulo FC
Hernán Crespo, técnico do São Paulo, no CT da Barra Funda. Que tem dado dor de cabeça ao argentino
Imagem: Fellipe Lucena/São Paulo FC

E o que foi feito contra essa agonia?

Conseguimos um patrocínio novo. Criamos o novo sócio-torcedor, com 30 mil adesões. E fizemos um empréstimo de 150 milhões para pagar dívidas com o Orlando City, ainda do Kaká, e outras referentes a Tchê Tchê, Volpi, Cueva e até do vôlei, com o Zé Roberto Guimarães.

Uma parte desse dinheiro não poderia ser usada para fazer um acerto com o Daniel Alves que impedisse a rescisão?

Não dava. O empréstimo foi para pagar dívidas imediatas. Os clubes estavam ameaçando ir à Fifa. O São Paulo poderia perder pontos como aconteceu com o Cruzeiro. Era perigoso.

E as dívidas com jogadores?

Temos um acordo com eles. Não atrasamos mais e tudo que entrar de premiação nos campeonatos vai para pagar atrasados. Agora, vieram Calleri e Gabriel Neves. Vão começar a receber o grosso do salário a partir de janeiro.

Gabriel Neves, do  - Reprodução - Reprodução
Casares (re)apresenta Calleri à torcida do Tricolor. Boa parte da conta fica para 2022
Imagem: Reprodução

Mas aí tem um problema. Como você vai pagar, se está difícil chegar na Libertadores? Esse ano o São Paulo ganhou mais de 5 milhões de dólares porque chegou às quartas. Se ficar fora, é um rombo grande.

Estou confiante que vamos fazer um segundo turno melhor e conseguir uma vaga para a Libertadores. Falei rapidamente com a diretoria de futebol e pedi foco no Brasileirão. Mas teremos outras arrecadações.

Quais?

Bilheteria. Acho que o público voltará agora em novembro, mas apenas uma parte. De forma definitiva, em janeiro. Vai ter muita gente no Morumbi. A demanda é grande. O projeto "Camarote do Ídolo" está pronto para ser executado.

Como é?

O torcedor vai ver o jogo junto com ídolos como Darío Pereyra e Careca. Vai ter um miniestúdio para fotos no Instagram e um kit com brindes do clube. É um projeto para os mais abastados. Haverá outro para o torcedor mais simples. Um setor popular com ingressos 50% mais baratos.

Morumbi com faixas - Staff Images/Conmebol - Staff Images/Conmebol
O Morumbi anda enfeitado com faixas. Mas o clube espera vê-lo cheio em 2022
Imagem: Staff Images/Conmebol

E que mais?

A janela. Precisamos vender dois ou três jogadores e arrecadar em torno de 50 milhões de euros. Vamos reconstruir.

O São Paulo precisa pagar 1 milhão de dólares para ficar com Galeano e 3 milhões de dólares para ficar com Benítez. É possível conseguir esse dinheiro?

Vamos negociar e jogar para abril. A ideia é ficar com os dois. Se não der, pelo menos um deles.