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Elano usa treino em campo ruim para pavimentar caminho até a elite em 2025
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Elano está na estrada. Viagens de seis horas de ônibus para Varginha e Patrocínio. Ou ônibus de Araraquara até Campinas, avião até Campo Grande e mais duas horas e meia até Rio Brilhante. A Série D é um aprendizado para o treinador da Ferroviária, que tem uma meta fixada na vida esportiva. "Em três anos e meio, estarei dirigindo um time da Série A".
A rotina de viagens não assusta quem jogou Libertadores pelo Santos, com viagens pelo interior de Colômbia e Peru, e nem melindra quem esteve na Liga dos Campeões com o Shakhtar. O Elano de hoje, tem mais a ver com o Elano lá de trás, garoto de 16 anos profissionalizado pela Inter de Limeira.
Nada é novidade. Nem os campos ruins de alguns estádios, que levam a mudanças de estratégia e de tática. "Antes de jogar contra Patrocinense e Águia Negra, nos treinamos em campo ruim, para uma boa adaptação. É outro jogo, fora de casa. qui, não. O campo é ótimo, a bola rola mais e os passes são melhores.".
Tem dado certo. A Ferroviária lidera o Grupo 6, com 16 pontos em sete jogos, ao fim do primeiro turno. Tem cinco vitórias, um empate e uma derrota. Marcou 13 vezes e sofreu apenas três, na estreia em casa contra o Uberlândia. Tem sete pontos a mais que o Rio Branco, quinto colocado. Os quatro primeiros se classificam.
No bagunçado futebol brasileiro, projeto é palavra mágica. Atrai treinadores para um porto seguro, ao contrário do canto das sereias de antigamente.
Elano tem contrato até o final do Paulista do próximo ano. O vínculo com a Ferroviária foi antecipado. A ideia era assumir após o final do Paulistão, mas Pintado, o antigo treinador, aceitou convite do Goiás e ele assumiu.
Com um olho no peixe e outro no gato. Enquanto dirigia o time no Paulista, buscava jogadores para a Série D. "Com o orçamento caindo de R$ 700 para R$ 300 mil por mês, tudo muda. Amigos indicaram jogadores, olhei para a base e montamos um time novo, com quatro remanescentes e só o Saulo, goleiro, como titular".
A Ferroviária é o terceiro time de Elano, além de algumas partidas como interino no Santos. Antes, esteve na Inter de Limeira - faltaram dois pontos para a classificação no Paulista - e uma passagem ruim no Figueirense, que terminou com demissão. "A situação do clube estava ruim, mas aprendi por lá também. Sempre estou aprendendo algo. A caminhada é longa".
Três anos e meio, como ele já disse. E os ensinamentos chegam de todos os lados. De Guardiola, por exemplo. "Como o senhor faz para melhorar os seus atletas", perguntou Elano. É uma fixação dele. Pergunta o que o jogador não gosta de fazer, quais são as duas dificuldades e começa o trabalho de polimento.
E o que Guardiola respondeu?
"É preciso desenvolver as individualidades para se conseguir harmonização coletiva e sincronia de jogo".
É o caminho escolhido por Elano, que tem outras referências. "Klopp tem claro que se joga com a bola, mas que é preciso ter setores bem organizados. O Muricy sempre teve os setores de campo bem ocupados. Como a seleção de 94"
E uma determina clara. "Todos têm liberdade para criar. É preciso ousadia".
O que Elano não aceita é time lento. "Não dá. Hoje, não dá. É preciso ter força e velocidade para que a técnica apareça. E tem jogador veloz que prefere o drible. Outros, preferem o passe. É preciso ver o que cada um pode dar. Futebol tem a ver com nado sincronizado. Cada jogador precisa complementar os companheiros para uma boa sincronia".
A mesma sincronia que o treinador precisa ter fora de campo, com diretoria, departamento médico, fisiologia, jogadores, parte nutricional. "O lado gestor é fundamental".
Em busca disso, ele tem imersão total na Ferroviária. Chega ao clube às 7 da manhã e sai às 20. Interage com jogadores, claro, com os treinadores das equipes de base e com o time feminino, campeão da Libertadores da América.
A busca por excelência não para por aí. Ele está terminando os cursos da CBF, tem contato constante com o amigo Roger, treinador do Fluminense. Muita troca de ideias. "Quando terminar o campeonato, vou rodar pelo Brasil e conversar com muitos treinadores".
E a família?
Como a Serie D tem jogos apenas nos finais de semana, as folgas são para matar a saudade da mulher e três filhas. Jogos de tênis são constantes.
E pelada?
"Não jogo mais. É muito ruim pensar em uma jogada e não conseguir fazer. Quando o corpo não consegue fazer o que a cabeça pede, é muito triste_.
Sente saudades?
Não. Hoje, o que me dá prazer é estar do lado de fora, ensinando os jovens. Ver a melhora deles como jogadores e também como homens. Eu amo esse trabalho".
A estrada está sendo semeada. O caminho, se tudo der certo, levará Elano à Série A em 2025. Logo ali.
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