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REPORTAGEM

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Leão: "Título do Paulista está nas mãos do São Paulo"

Leão e Juvenal Juvêncio, ao lado de Marco Polo Del Nero, recebem o troféu pela conquista do Paulistão - Fernando Santos/FolhaImagem
Leão e Juvenal Juvêncio, ao lado de Marco Polo Del Nero, recebem o troféu pela conquista do Paulistão Imagem: Fernando Santos/FolhaImagem

05/05/2021 04h00

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Emerson Leão foi o último treinador campeão paulista pelo São Paulo, em 2005. Na última partida, contra o Santos, foram escalados nove jogadores que seriam titulares na partida do título mundial, que seria conquistado no fim daquela temporada. Do time campeão paulista, saíram Diego Tardelli e Grafite, enquanto Amoroso e Chulapa chegaram.

Hoje, Leão vê o jejum de títulos perto do final. Abaixo, a entrevista.

Você vê o São Paulo com possibilidades de ser campeão paulista?

Leão: Sim. Diria que o título está nas mãos do São Paulo. Está ofertado ao São Paulo. O time está ganhando e os rivais não estão bem. O Palmeiras, que é forte, fez suas escolhas e talvez não se classifique.

Hernán Crespo, técnico do São Paulo, durante treino no CT da Barra Funda - Fellipe Lucena/saopaulofc - Fellipe Lucena/saopaulofc
Hernán Crespo, técnico do São Paulo, durante treino no CT da Barra Funda
Imagem: Fellipe Lucena/saopaulofc

Como você vê o trabalho do Crespo?

Quando eu comecei a trabalhar como treinador, perguntaram ao grande jornalista Cláudio Carsughi o que ele pensava do meu trabalho. Ele disse que preferia esperar um pouco e se reservar antes de opinar. Eu falo o mesmo sobre o Crespo: é pouco tempo. Mas está ganhando.

O que você pensa do trabalho dos treinadores estrangeiros no Brasil?

Não vejo um legado consistente, a não ser com Jorge Jesus, que tinha um elenco de estrelas. Fica mais fácil.

Tem alguma semelhança entre seu trabalho e o do Crespo?

Eu cheguei no São Paulo e dei oportunidade a vários jogadores, inclusive os que não agradavam à diretoria. Montei um time. O Crespo fez algumas experiências, definiu seu esquema e montou também um time titular. É parecido, mas o elenco dele é mais caro, com mais estrelas. E ele tem três times. Hoje em dia é assim.

Como foi o processo de formação de seu time?

Fui contratado e me avisaram que não haveria contratações. Aceitei e, da mesma maneira que deixaram claro que não contratariam ninguém, deixei claro que não aceitaria vetos sobre jogadores. Dei chance a todos e montei o time. Como o Lugano era lento, dei proteção. O Júnior tinha liberdade até para ir pelo meio, era muito bom de bola. Josué, Mineiro e Danilo se acertaram. Cicinho chegou com muita força. Não era um time de estrelas, apesar de alguns terem se transformado em estrelas depois. Era um time coletivo.

O Tardelli diz que você acreditou nele...

Não. Eu fiz com que ele acreditasse nele mesmo. Desconfiavam dele e dei moral. Foi artilheiro e está jogando até hoje. O Grafite também era questionado por alguns diretores. Pra questionar o Grafite, não pode entender nada de futebol.

Você montou o time e não mudou mais?

Avisei que a briga estava aberta e que se alguém desse chance, outro entrava. O time se acertou, ganhou o Paulista e dava para ver que ganharia a Libertadores e o Mundial, também.

E mesmo assim, você saiu para o Japão.

Questão de gratidão. O pai do Kazu, que ainda joga no Japão com mais de 50 anos, já havia me levado duas vezes para o Japão sem me cobrar um tostão. Ele precisava de mim e eu fui. E o presidente Marcelo Portugal Gouvêa, um grande homem, me disse que não poderia cumprir o acordo de não vender ninguém. Então, me senti livre para descumprir o acordo de não sair.

Quando você saiu, o São Paulo havia feito cinco jogos. Estava invicto. O Luizão saiu após a Libertadores. Disse que teve problemas com você?

Comigo? Nunca ouvi falar disso. Quando cheguei, ele estava recuperando a melhor forma física e eu respeitei. Na semana passada, dei entrevista para o canal dele no YouTube. Não falou nada.

E o Falcão, do futsal?

Ah, foi uma contratação de marketing. Nada mais. Tem uma habilidade maravilhosa para espaço pequeno e bola pequena. Não tinha velocidade para espaço longo. Não sabia cabecear e não sabia lidar com zagueiros altos e fortes que chegavam por trás. Ele me critica, mas não deu certo também na Portuguesa e no Palmeiras. E já havia sido reprovado no próprio São Paulo.