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REPORTAGEM

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Pintado, homem de confiança de Telê, sonha e luta por um lugar na Série A

Pintado com Telê Santana no São Paulo dos anos 90 - Reprodução
Pintado com Telê Santana no São Paulo dos anos 90 Imagem: Reprodução

19/02/2021 04h00

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A foto do perfil do WhatsApp mostra dois homens de lado, olhando para a esquerda, para algum ponto no infinito.

Um é fácil de identificar, Telê Santana. "Ele está pedindo orientação para mim", brinca o outro. É Pintado, que trocou o Juventude pela Ferroviária e que mantém acesa a esperança de se firmar na Série A.

A ligação com Telê começou quando o volante Pintado ainda era o lateral-direito Luiz Carlos, revelado no São Paulo e emprestado há dois anos.

Então, em 91, houve um São Paulo x Bragantino. "Era a minha chance de aparecer. Joguei muito aquele dia e o Mestre pediu minha volta pra São Paulo".

Não foi fácil. O Bragantino reclamava direitos sobre Pintado. O São Paulo não reconhecia e ele ficou treinando escondido. Com tudo resolvido, escreveu uma bela história, com destaque na conquista do Mundial Interclubes de 92.

Foi para o Cruz Azul, jogou no Santos, Galo, América-MG, Portuguesa e outros times. E em 2004, começou a carreira de treinador. Foram mais de 30 times em 17 anos. E Pintado continua correndo atrás de um sonho: "Como interino do São Paulo, dirigi o time cinco vezes. Quero mais. Sei que sou capaz e vou chegar lá".

E aí fica difícil entender por que Pintado trocou o Juventude, que ele, com o terceiro lugar na B, levou para a A, pela Ferroviária, que está na Série D.

"Eu estava no Água Santa e nem discuti salário quando recebi o convite do Juventude. Era minha oportunidade. Agarrei, o trabalho foi bom e subimos. Então, pedi uma valorização para renovar e não tive. Vim para Araraquara".

A carreira de Pintado melhorou em 2019, quando começou a trabalhar com os empresários Júlio Taram e Giuliano Bertolucci. Eles participam do projeto esportivo da Ferroviária e Pintado foi junto.

"No momento, a Ferroviária paga mais que o Juventude. O Campeonato Paulista é forte e posso mostrar de novo, como fiz no Juventude, que não sou técnico apenas para salvar time de rebaixamento. Tenho capacidade para estar na elite, na Série A".

Araraquara vive um drama por causa da pandemia. Todos os leitos de UTI estão ocupados e o prefeito Edinho Silva decretou lockdown. A Ferroviária está há uma semana treinando em Atibaia, em um hotel que foi muito frequentado pelo Palmeiras de Luxemburgo.

"Nossa estrutura é muito boa, o clube dá boas condições de trabalho", diz Pintado.

Ele faz previsões que não combinam com a análise dos jogadores. Fala que a meta é permanência, mas coloca os laterais Lucas Mendes, Diogo e Rafael Luiz entre os melhores do Brasil. E vê poucos times grandes com zagueiros como Didi e Xandão. E, sob sua indicação, vieram Renato Cajá e Elton, do Juventude. Outros dois podem trocar a Serra Gaúcha pelo interior de São Paulo.

Pintado está feliz. E vê o sonho da Série A cada vez mais perto.