O culto a Fernando Diniz é inexplicável
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Hoje, eu me lembrei da Dona Aparecida, mãe do Ângelo Domingos Banchi, o Tico, meu colega de colegial, de xadrez, de sinuca no bar da Aurorinha e Bee Gees. "Don't forget tô remember".
Tico e Zé Roberto, outro grande amigo, moravam longe de mim. E eu andava todo dia a Rua da Estação inteira para encontrá-los e viver esses momentos que são presentes hoje, 50 anos passados. Foram bons demais.
Dona Aparecida tratava o "Tiquinho" (com sotaque italiano) com leite e mel. Era super protegido. Diz a lenda - é só uma lenda - que um dia, nos exercícios do Tiro de Guerra, o sargento Moacyr (que se achava poeta) gritou direita volver e o Tico foi pra esquerda. E dona Aparecida disse: "meu Deus, só o Tiquinho acertou, o sargento precisa treinar melhor os meninos".
É parecido com o que vemos com os cultuadores de Fernando Diniz. Ele está sempre correto. Palmeiras e Santos estão na final da Libertadores. Dois times que utilizam a transição direta e a velocidade pelos lados.
Eles estão errados e Tico, ou melhor, Fernando Diniz está correto, com seu jogo picadinho?
O Grêmio tem volantes talentosos como Darlan, Maicon e Matheus Henrique. Trocam passes na defesa, mas nada comparável àquela harakiri do São Paulo.
O Galo, de Sampaoli, também tem jogo construído desde trás, mas nada daquele infartante toque toque dentro da área.
Todos estão errados. Só o São Paulo de Diniz está correto.
No futebol ou na vida, não existe nada totalmente certo ou totalmente errado, a não ser um disco de Aldir Blanc ou um discurso de Bolsonaro.
E, para os dinizistas o que seu Mestre determina. O Modelo está sempre certo. Não necessita ajustes. E, se não dá certo ainda não chegou a hora de dar certo. Precisa de tempo.
Ou então, quem disse que não deu certo? O passe curto está lá, as triangulações estão (estavam) lá, a harmonia geométrica, o seno, o cosseno e a hipotenusa em perfeita harmonia. Mercúrio em perfeita conjunção com Áries.
Título é só um detalhe.
O que vale é o desempenho.
Então, vamos falar de desempenho. Diniz está no panteão onde habita Marcelo Bielsa!?
Mas o que existe de tão bom no Dinizismo? Pergunto de coração aberto.
A posse de bola?
A pressão alta? (Só se for a minha em dia de jogo).
As triangulações?
O jogo apoiado?
A construção desde os pés de Volpi?
Nada disso foi inventado por ele.
Na verdade, a ausência de títulos e de temporadas consistentes, transformam Fernando Diniz em um mau executor de ideias alheias.
Por que o culto?
Só se for pelos gritos.
Um grito parado no ar.
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