Pelé é um trem sem freio. Os outros são bailarinos
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Pelé estreou na Copa do Mundo de 1958 com 17 anos de idade. Fez seis gols. Dois deles, contra Gales e Suécia, com chapéus. Contra a Itália, em 1970, parou no ar para marcar, de cabeça. Há outros maravilhosos. Gol de placa no Maracanã, gol de gênio na rua Javari...
Todos têm um gol de Pelé para chamar de seu. Ou deveria ter.
O meu é o segundo gol da vitória por 2 x 0 contra o México, na Copa do Chile.
Foi um gol nascido com uma sucessão de dribles.
Não dribles chaplinianos como os de Garrincha, quando o driblado intimamente ri de sua humilhação tão lúdica.
Não o drible magnético de Messi, com a bola grudada, como imã, em seu pé esquerdo. Os marcadores sabem que o placar será mudado.
Não o drible de Maradona, de 86, em zigue zague , entrando na área dos ingleses, com a mesma facilidade com que haviam invadido as Malvinas.
Não. O drible de Pele talvez nem seja um drible. Não tem genialidade. É pura força física.
Ele tem a bola dominada. Joga para a frente, livrando-se de dois. O terceiro perde a dividida. O quarto tenta segurá-lo e não consegue. E vem o chute, forte, de esquerda. Epa, mas a jogada foi com a direita..
Pois, é. Os outros são bailarinos. Pelé é um trem ambidestro descarrilhado. Uma força da Natureza. Uma pantera negra.
Longa vida ao Rei.
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