Redskins, Bugre, Macaca, Coxa e os limites do politicamente correto

O Washington Redskins resolveu mudar de nome e de símbolo. Houve um consenso de que usar "pele vermelha" como sinônimo de índio ou nativo americano é racismo. Correto, não?

E apenas trazer a ótima prática do politicamente correto para o Brasil, sem analisar contextos é correto? Tenho minhas dúvidas.

A Ponte deixará de ser a Macaca? Faltou combinar com os russos, como diria Garrincha. A torcida assimilou a conotação racista (era chamada de macacada) e tem orgulho disso.

Em 2013, a televisão mostrou um torcedor do Lanus imitando um macaco para ofender a torcida da Ponte. E a sua cara de surpresa ao ver um torcedor da Ponte fazendo gestos semelhantes, exaltando a Macaca querida, a Nega Véia.

A macaca da Ponte não tem a ver com o macaco com que a torcida do Grêmio ofendeu Aranha.

E o Bugre? Não sei como o Guarani, homenagem a Carlos Gomes, virou Bugre, que é como os colonizadores racistas igualaram as diversas etnias residentes no Brasil do século 16. Bugre como sinônimo de selvagem, não culto e não cristão.

Foi um insulto racista ou apenas um sinônimo de mau gosto. Muita gente usa verbos racistas como denegrir e judiar e não percebem.

O certo é que a torcida, orgulhosa, grita Bugreeee ê ê nas arquibancadas.

"Coxa, eu te amo"...grita a torcida do Coritiba. Mais um exemplo de reversão de algo ofensivo para cântico orgulhoso. Coxa vem de coxa branca, como os torcedores do Coritiba eram chamados por serem identificados com a imigração alemã.

Quem vai impedir um torcedor da Ponte ou do Guarani ou do Coritiba de se identificar com a Macaca, o Bugre ou de ser coxa?

Se fosse algo ofensivo, do tipo "você é macaca", deveria ser proibido. Mas, no caso, é "eu sou Macaca", gritado orgulhosamente.

Impor o politicamente correto para quem subverteu o racismo me parece algo colonialista.

Vamos combater o racismo. Vamos ser antirracistass com força.

Esse é o bom combate.