Topo

Menon

Pobres meninos ricos

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, em 1969, pelo Santos - Schirner/ullstein bild via Getty Images
Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, em 1969, pelo Santos Imagem: Schirner/ullstein bild via Getty Images

12/03/2020 18h06

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O caso de Ronaldinho é triste, mas não causa surpresa. É apenas um exemplo a mais - um dos mais graves - de como muitos jogadores de futebol não se preparam ou não são preparados para a vida fora de campo.

Bruno Henrique tem uma carteira de habilitação falsificada. Precisa? E a falta de compromisso com a realidade? No Santos, ele teve um ferimento no olho e quase teve a carreira encerrada. O clube fez sua obrigação e cumpriu todo o tratamento. E, agora no Flamengo, ele disse que sofreu macumbaria na Vila.

Diego Costa, na Espanha, passou pela zona mista sem querer dar entrevista. Sorridente, simulou um ataque de tosse diante dos jornalistas. Em época de coronavirus.

São exemplos tomados aqui e ali. Há muitos. Poucos jogadores pensam em deixar um legado com seu nome. Devolver algo à sociedade ou aos seus milhões de fãs.

E não se trata apenas de pessoas vindas de um extrato social sofrido, pessoas pobres e sofridas, sem possibilidade de ascensão a não ser a sua capacidade de praticar futebol.

Vejam Kaká, por exemplo. Nunca disse nada em favor do esporte. Nunca falou sobre calendário, sobre mudanças....Passou ao largo do movimento Bom Senso.

Ele apenas se libertou dos pastores evangélicos quando foram presos nos EUA com a boca na botija, com dólares na Bíblia.

Bem, antes tarde do que nunca.

A alienação dos jogadores não é de agora. Pelé nunca falou nada contra o racismo. Reafirmou algumas vezes que nunca sofreu com preconceito. Como se o cidadão comum tivesse os mesmos privilégios que ele.

Pelé, ao menos, com sua genialidade esportiva, fez muito pela afirmação dos negros. Jogando muito e nos dando o direito de não ouvir o que ele está falando.

É uma pena. Talvez a gente é que tenha se acostumado mal. Não nós basta a alegria dada dentro de campo. Queremos mais, sonhamos mais, exigimos muito de pobres meninos ricos.