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Rubinho está certo. Foi vítima da acidez e arrogância do torcedor "modinha"

Jean Todt é levantado por Rubens Barrichello e Michael Schumacher na Hungria após título mundial conquistado pela Ferrari - Divulgação/FIA
Jean Todt é levantado por Rubens Barrichello e Michael Schumacher na Hungria após título mundial conquistado pela Ferrari Imagem: Divulgação/FIA

20/01/2020 11h52

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Rubens Barrichello demonstra uma certa mágoa do torcedor brasileiro. Diz que adora brincar, mas não aceita brincadeira. Está certo, o Rubinho, um dos esportistas que mais sofreram com a acidez do torcedor de F-1.

A falta de respeito se deve ao não cumprimento de falsas expectativas.

Barrichello foi vice-campeão mundial duas vezes. É o recordista de participações em GPs e foi presidente da Associação de Pilotos. Um currículo respeitável. Um piloto respeitado em todo o mundo.

Não bastou.

A turba queria mais.

Queria um novo Émerson, um novo Piquet. Acreditavam realmente que a água brasileira seria responsável por gênios em série.

Mais.

Queria um Senna. Um ídolo. Um mito. O cara que era tão adorado quanto Pelé. O brasileiro audaz que derrotava o francês sujo. Tudo isso nos domingos de manhã, antes da lavagem do carro e do almoço com a família.

Senna, o símbolo de um Brasil vencedor. De um Brasil feliz. Um símbolo morto na sala de casa. Morto, não. Assassinado, segundo a idolatria.

Toma que a missão é sua, Barrica. Segura esse passinho, amigo.

Rubinho não segurou. Não era Senna. Era apenas ótimo.E há um fator terrível. Por força de contrato, ele precisava se submeter a Schumacher. Ser um abre-alas, um limpa-trilhos para o alemão.

Já não havia um BRASILEIRO que derrotava o FRANCÊS. O que nos restava era um BRASILEIRO humilhado por um ALEMÃO.

O ungido para substituir Senna era apenas o segundo de Schumacher. Só que ninguém lembra que Schumacher era melhor que Senna.

Os brasileiros que realmente gostam de F-1 dão valor a Barrichello. Está em um altíssimo patamar, ao lado de Massa e Pace. Atrás dos gênios.

Um lugar que lhe é negado pela arrogância do torcedor modinha, tristinho por não ter uma catarse antes de lavar o carro e sair com a família, curtindo a ilusão de ser mais um representante da genialidade brasileira para pilotar e assombrar o mundo.