Luxa, bandido. Diniz, mocinho.
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As matinês do Cine São José estão presentes com destaque total na minha memória afetiva. Dinheiro no bolso para um sorvete e o ingresso. E as mãos ocupadas com gibis para troca.
O filme? Sempre um far west. Um farvést, como a gente falava. Muito tiro, dentro de uma estrutura binária: protagonista e antagonista. Rasos, sem nuances.
Bandido e mocinho.
Luxemburgo e Diniz.
O Cinema São José está emulado nos debates televisivos.
Se Luxemburgo vencer o Paulista, o Brasileiro, a Copa do Brasil, a Sul-americana, a Concachampions, a Liga da Tailândia, a Libertadores, o Mundial e a disputa contra Saturno, vão dizer que o time venceu sem jogar bem. De forma ultrapassada.
Ultrapassada em relação a quê? Aos conceitos que os debatedores decidiram apontar como modernos.
Se Fernando Diniz perder o Paulista, o Brasileiro, a Copa do Brasil, a Libertadores e a Copa Ferrovia, contra Noroeste, Nacional e Ferroviária, dirão que o time perdeu, mas jogou bem. Jogou de modo contemporâneo.
Em relação a quê?
Aos parâmetro que os debatedores definiram como modernos.
E repetirão frases que se repetem há anos: Diniz precisa de mais tempo para passar seus conceitos.
Qual é a mensagem oculta (nem tanto, no caso?) Os jogadores são burros e demoram a entender tanta genialidade.
Ao mesmo tempo que clamam por tempo a Diniz (que já dirigiu o time em 16 jogos no Brasileirão passado), não se dá tempo nenhum a Luxemburgo.
O seu primeiro, repito, primeiro treino do ano, usando caixa de areia, recebeu o carimbo de ultrapassado. E foi tema de imensos debates.
Imaginem a primeira derrota, o primeiro empate ou a primeira vitória com pouca posse de bola! A casa vai cair.
Amigos, as matinês do Cine São José já se foram há 60 anos. A maturidade mostra que tudo na vida tem nuances, não existe um bandido e um mocinho. Quase tudo, não? O meu bandido de estimação é outro, longe do futebol.
Não existem mocinhos bonitos e bandidos feios, geralmente mexicanos gordos e trapaceiros.
Luxa, pelo que já fez, não é bandido.
Diniz pelo que nunca fez, não é mocinho.
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