Mauro Cezar Pereira

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O Corinthians precisa de presidente responsável na gestão financeira. Terá?

Augusto Melo, enfim, deixa de ser presidente do Corinthians. A decisão do Conselho Deliberativo, que votou a favor do impeachment, o afasta temporariamente do cargo. Eleito ao lado do ex-mandatário, Osmar Stábile, que depois abandonou a gestão, é o vice e assume interinamente.

Cabe a Romeu Tuma Júnior, que preside o Conselho, convocar a assembleia geral para votação em última instância. Pode ser que Augusto Melo nunca mais volte ao poder. E aí? O que será do clube mais endividado do futebol brasileiro? Quem vai assumir o controle e o que fará na presidência?

Essa é a pergunta que poucos fazem. Há, naturalmente, preocupações quanto ao destino dos jogadores, sobre como ficará o time de futebol. Mas o cenário é caótico, com o endividamento caminhando para superar os assustadores R$ 2,5 bilhões. Quais serão as medidas tomadas diante disso?

Dificilmente o Corinthians suportará esse ritmo por muito mais tempo. Em 2023 a dívida era de R$ 1,639 bilhão, Augusto foi eleito presidente, assumiu no começo de 2024 e o endividamento cresceu quase R$ 830 milhões em um ano. Uma média de aproximadamente R$ 2,3 milhões/dia. Algo realmente insustentável.

Não há como manter um elenco caro, contratar, adiar pagamentos a credores e sofrer mais críticas públicas de quem vende jogadores aos corintianos e não recebem, como fizeram dirigentes de Cuiabá e Argentinos Juniors, por exemplo. É preciso fazer algo, dar um basta.

Mas essa medida, duríssima, é como o famoso remédio amargo. Adotá-la significa cortar na própria carne, ter um elenco mais barato, viver dias difíceis, sem grandes estrelas, arrumando a casa por alguns anos para, um dia, voltar a competir entre os maiores e mais fortes do Brasil. Demora. E exige muita capacidade.

Nenhum movimento foi feito, na prática, nessa direção nos últimos anos. Pelo contrário, a dívida galopou, cresceu, disparou com diferentes presidentes. Será que o próximo a assumir o cargo terá preparo, coragem e iniciativa para colocar tudo isso de maneira clara para a torcida? Mostrar aos corintianos a realidade?

Desejará e conseguirá fazer o que é preciso? E se decidir ir por esse caminho, será compreendido? Apoiado? Seria o único jeito de salvar o Corinthians. Portanto, é preciso mais do que um novo presidente, diferente dos anteriores, para tirar o clube de maior torcida em São Paulo do buraco onde o puseram.

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