Mauro Cezar Pereira

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OpiniãoEsporte

Contratação de Ancelotti pela CBF pode acabar de vez com reserva de mercado

Houve um tempo em que treinadores de futebol nascidos no Brasil eram contratados por equipes do exterior. Japão, Oriente Médio, mais adiante China, eram mercados que absorviam a mão de obra de técnicos brasileiros.

Adiante, esses países deixaram de contratar os profissionais daqui, optando pelos de outras nacionalidades. Talvez tenha sido o primeiro sinal, então quase imperceptível de que eles já não eram competitivos no mercado.

Não que tenham sido muito disputados, pelo contrário. São raros os casos de treinadores brasileiros que conseguem sucesso em mercados mais relevantes no futebol internacional. Mas pelo menos nessas regiões, eles tinham penetração.

Desde a chegada de Jorge Jesus ao Flamengo 2019, clubes brasileiros passaram a contratar estrangeiros aos montes. Muitos foram tentativas equivocadas, profissionais de segunda, terceira linha, que não conseguiram sucesso.

Por outro lado, o português que brilhou naquela temporada magnífica não foi o único a conseguir êxito. Além dele, dois outros treinadores do mesmo país, Abel Ferreira e Artur Jorge, ganharam títulos importantes por clubes do Rio de Janeiro de São Paulo.

Já Vitor Pereira deixou um legado que só foi percebido tempos depois, quando a comparação entre sua temporada no Corinthians com o que veio depois deixou claro o bom trabalho realizado. No Flamengo, foi fritado. Hoje está bem na Premier League.

A realidade é que o mercado de técnicos de futebol no Brasil passou a ser disputado por profissionais de outras nacionalidades. O cargo de treinador da seleção Brasileira era a última trincheira arduamente defendida por esses profissionais.

Ela está caindo. A partir de agora, se os técnicos daqui quiserem realmente ser competitivos, terão que se empenhar mais. Estudar, buscar atualização, abrir a mente para outros modelos de jogo, ampliar o repertório. É por aí.

Note que os profissionais nascidos no país e que ganham salários de três dígitos por longos anos, sem falar em multas magníficas, não costumam tirar um período de investimento no próprio conhecimento. Parecem acomodados numa situação financeiramente confortável.

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Mas profissionalmente? Qual deles aproveitou os ganhos significativos para, por exemplo, passaram um período na Europa buscando a licença profissional da Uefa? Nada. Nem a da associação de técnicos da Argentina, mas aceita lá fora, eles buscam.

Se Carlo Ancelotti fizer boa jornada à frente da seleção brasileira, mesmo que não queira continuar no cargo depois do Mundial de 2026, o caminho estará aberto para outros estrangeiros. Se você é técnico brasileiro, saia da acomodação, a reserva de mercado parece que foi para o espaço.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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