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Mauro Cezar Pereira

REPORTAGEM

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Presidente corintiano cita jornalistas, mas não explica 'milagre econômico'

Duílio Alves, presidente do Corinthians - Reprodução/Corinthians TV
Duílio Alves, presidente do Corinthians Imagem: Reprodução/Corinthians TV

12/01/2022 18h08

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Nesta quarta-feira, como outros companheiros, fui citado por Duílio Monteiro Alves na coletiva do presidente do Corinthians. Beira a ingenuidade o nobre dirigente imaginar que não acesso o site do clube. Por sinal, estou curioso pelos números mais recentes, pois não publicam um balancete desde setembro, apesar de o mesmo ter dito que são disponibilizados mensalmente. Na verdade, dos 12 meses de 2021 apenas seis têm balancetes no site (fevereiro, março, abril, junho, agosto e setembro).

No mais recente, o especialista César Grafietti constatou que custos e despesas do futebol seguem rigorosamente iguais ao período anterior. Ou seja, não se observa redução para comportar novos custos com salários de atletas contratados, por exemplo.

"Há uma falsa ilusão de redução, porque em 2020 havia 'Custo de Aquisição e Venda de Atletas' mas em 2021 não há. Isso não é operacional. Inclusive, o custos com Pessoal estão mais altos em setembro de 2021 frente a setembro de 2020", explica.

Cabe ao clube divulgar corretamente a informação, detalhando os números. Explicar esse "milagre econômico". Em respeito ao seu torcedor, ao associado. Uma correção: ao contrário do que afirmou o presidente, eu não falei que seria impossível o Corinthians contratar jogadores como Willian e Renato Augusto. Disse, sim, que são, como outros que chegaram, atletas caros para o momento econômico do clube.

No balancete mais recente constata-se que os custos com o Social aumentaram. "Além disso, a dívida total cresceu pouco mais de R$ 50 milhões. Ou seja, o clube opera tão justo que não consegue paga-las. Pelo contrário, elas aumentam. Não há nenhum mérito nisso. Quem olha apenas o superávit ignora que as finanças vão muito além disso", resume Grafietti.

Mas o que havia de positivo no balancete corintiano de setembro? "O aumento de receitas, mesmo descontando a parte de TV que veio de 2020. Publicidade cresceu bastante, ainda que haja uma dúvida se o que foi lançado de Licenciamentos em Social é Social mesmo ou Futebol. Mas o fato é que as receitas cresceram", enfatiza o especialista.

Outro ponto positivo é a redução na dívida de curto prazo. "Mas aí é claramente alongamento de atrasos de encargos e tributos", frisa Grafietti. Fato: para a conta do Corinthians fechar em 2022 o clube terá que alcançar um desempenho esportivo próximo da excelência, ganhando Libertadores e Copa do Brasil, por exemplo.

"Com isso reduziria levemente as dívidas. Mas, convenhamos, é apostar", define o analista das finanças dos clubes brasileiros. Sem dúvida um modelo antiquado, arriscado de gestão. Quem tiver dúvidas pode aceitar o convite do presidente corintiano, acessar a página "Transparência" no site do clube e verificar como a dívida disparou na última década. Sem contar a do estádio! E com o mesmo grupo político no poder.