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Mauro Cezar Pereira

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mauro Cezar: futebol paulista descobre que não tem o monopólio do egoísmo

Fachada da sede da Federação Paulista de Futebol, localizada na zona oeste de São Paulo - Divulgação
Fachada da sede da Federação Paulista de Futebol, localizada na zona oeste de São Paulo Imagem: Divulgação

16/09/2021 04h00

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Quando surgiu a Primeira Liga, há cinco anos, o Flamengo, com Eduardo Bandeira de Mello na presidência, esteve à frente. Os clubes paulistas seguiram de mãos dadas com a federação estadual, jamais se aproximaram dos demais e não se interessaram pela iniciativa. Uma briga pelo poder entre cartolas de Minas Gerais e Paraná iniciou o processo de implosão do que poderia ter sido embrião de uma liga dos clubes. São Paulo apenas assistiu.

Também em 2016, havia uma discussão sobre a participação dos brasileiros na Liga Sul-Americana de Clubes. Mas o negócio murchou e uma das explicações para isso foi o recuo dos paulistas depois de uma reunião convocada pelo presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Reinaldo Carneiro Bastos. Algumas promessas bastaram para que os times do Estado de São Paulo se fechassem entre eles, virando as costas à novidade.

Recentemente, o Flamengo, já com Rodolfo Landin na presidência, foi ao Tribunal do Esporte, na Suíça, contrário à não paralisação do campeonato brasileiro quando as seleções se reúnem em Datas Fifa. Paulistas, como os demais, seguiram subservientes à CBF. Nenhum deles aderiu à atitude rubro-negra, mesmo os que têm jogadores convocados e convivem com desfalques nesses períodos. Aparentemente não interessava comprar aquela briga.

Clubes de São Paulo apoiaram Coronel Nunes em 2015 - Reprodução - Reprodução
Clubes de São Paulo apoiaram Coronel Nunes
Imagem: Reprodução

Os clubes de São Paulo alcançaram a hegemonia no futebol brasileiro nas últimas décadas. Com méritos. Mas hoje ela fica mais distante, pois três dos grandes vivem mergulhados em enormes dívidas, exceto o Palmeiras, financeiramente saudável. Em momentos como os acima citados, jamais se aproximaram dos demais em busca de objetivos maiores, que beneficiassem o conjunto, o coletivo. Deram até apoio conjunto ao Coronel Nunes, quando elevado à presidência cebeefiana, em 2015.

Sim, estamos falando sobre o Estado mais rico do país. Obviamente, é bem mais fácil levar um clube à solidez econômica e, consequentemente, montar bons elencos sendo de São Paulo do que do Ceará, por exemplo, embora os representantes cearenses na Série A hoje deem banho de gestão na maioria dos paulistas. Mesmo com receitas muito menores, obstáculos logísticos, etc.

A ideia da liga de clubes deve seguir, independentemente de desavenças entre seus prováveis integrantes. Esperar que convivam em total harmonia, concordando em tudo e pensando coletivamente todo o tempo é utopia. E chega a parecer peça de comédia quando, com tal retrospecto, paulistas reclamam de quem toma a iniciativa em busca de seus interesses.

Quando briga para ter o público em seus jogos o Flamengo está pensando nele? Só nele? Nos interesses dele? Sim, óbvio, e isso está muito claro. Assim, o futebol paulista descobre que não tem o monopólio do egoísmo.

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