Elogios a Abel são justos. Criticas também foram. O inverso vale para Diniz

Há menos de um mês, líder do Campeonato Brasileiro, o São Paulo estava prestes a entrar em campo para enfrentar o Grêmio pela semifinal da Copa do Brasil. O Internacional era o quarto da Série A, sete pontos atrás do primeiro colocado. Hoje, o time gaúcho lidera o certame e o São Paulo, eliminado do mata-mata nacional, perdeu a ponta da classificação tomando de 5 a 1.
Houve quem afirmasse que o São Paulo já era quase campeão da Série A. Isso com 13 rodadas a disputar. Alguns desses agora dizem que os tricolores "perderam o campeonato mais ganho", nada além de uma maneira de não admitir que a previsão foi um erro crasso. Evidentemente, havia muito a se jogar até o encerramento da competição. E ainda há, lembremos.
Fernando Diniz, enfim, vinha fazendo trabalho que gerava reconhecimento e elogios, e despertou nos que tentam provar suas próprias teses o discurso do tempo de trabalho para treinadores de futebol. Como se fosse algo automático. Não é. Um período maior no cargo de nada adianta quando o técnico não se sai bem e sequer dá sinais nessa direção.
Os elogios ao são-paulino eram justos, como as críticas de agora, e as que foram feitas depois das quatro eliminações na temporada, no Campeonato Paulista, pela Libertadores, na Sul-americana e também na Copa do Brasil. Fato: Diniz e seus atletas perderam o rumo depois da desclassificação diante dos gremistas na última partida do time em 2020.
Agora surgem os que tentam usar o trabalho atual de Abel Braga para deletar suas péssimas participações recentes em outros clubes de 2019 pra cá. O trabalho dele no Flamengo foi ruim? Sim. Críticas eram pertinentes E no Cruzeiro? Também. Críticas merecidas. E no Vasco? Fraquíssimo. Críticas justíssimas. E no Inter, Abel vai bem? Sim. Por isso agora é elogiado.
Internacional e São Paulo ainda estão na briga pelo título, como outros que ocupam da terceira à sexta posição. O campeonato é nivelado por baixo, disputado por times irregulares. Em tempos de pandemia, o retrocesso futebolístico é evidente e afeta até a Premier League. Tal cenário amplia as possibilidades para treinadores como José Mourinho, lá, e Abel Braga, aqui. E se forem campeões, palmas para eles.
Nessa gangorra, é mais do que óbvio: tudo pode mudar até a rodada derradeira, nada está definido. Mas se for campeão, Diniz não apagará seus fracassos anteriores. O mesmo vale para Abel, que pode ganhar o Brasileiro que nem assim desaparecerão suas fraquíssimas participações em outros clubes de 2019 para cá. Sem oportunismos, por gentileza.