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Mauro Cezar Pereira

Paixão pelo futebol, por um time, pelo jornalismo. Lima, um ano depois

Gabigol comemora gol do Flamengo contra o River na virada em Lima -  REUTERS/Pilar Olivares
Gabigol comemora gol do Flamengo contra o River na virada em Lima Imagem: REUTERS/Pilar Olivares

23/11/2020 04h00

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João Saldanha disse certa vez que "ninguém é filho de chocadeira". Em suma, todos nós que trabalhamos com o futebol temos nossos times, afinal, como alguém se aproximaria de tal forma do jogo sem uma paixão?

O mestre era botafoguense, nem por isso deixava de criticar a estrela solitária. Quando garoto, aos 9, 10 anos, já sonhava com o jornalismo e com o futebol. O rádio era o maior companheiro e homens do microfone, como ele, inspiração. Amor por certas cores, mas antes com respeito e paixão pela profissão.

Cresci nas arquibancadas dos estádios. E nem todos os jogos eram do meu time. Um de meus melhores amigos, alvinegro como Saldanha, conheci na geral do nosso Maracanã. Jogavam América e Guarani naquele 20 de abril de 1980, vitória do time de José Trajano por 1 a 0, gol assinalado por Neca.

Usufrui ao máximo minha vida de torcedor, tive a sorte de ver todos os títulos possíveis e pude viajar pelo país atrás de uma camisa. Quando, na faculdade, sonhava com o jornalismo esportivo e me preparava para uma espécie de ruptura.

Acreditava que seria capaz de neutralizar totalmente a emoção pela razão por causa da profissão. Estava errado. Ninguém é capaz. Podemos, sim, ser honestos nas análises e criticar fortemente nossos próprios clubes quando pertinente. Contudo, por mais que fale e escreva com isenção, o coração seguirá batendo mais forte por ele.

Um fetiche de quem acompanha jornalistas esportivos é saber os times dos profissionais. Há alguns anos todos sabem o meu. Isso tem um preço: parte dos torcedores dos demais clubes passam a te rotular, independentemente do que fale, do que escreva. Mas como esses são apenas tolos ou biltres, os ignoro. Não trabalho para tais elementos.

Quando um treinador faz mau trabalho, crítico. Seja do meu time ou dos demais. Aconteceu isso neste ano no campeão paulista, por exemplo. Se fosse agir desonestamente, o elogiaria de maneira cínica para que um elenco forte seguisse mal treinado. Em teoria isso seria ótimo para o meu time, que como se sabe, não é de São Paulo.

No ano passado foi assim com o clube pelo qual torço. E a mudança de treinador foi fundamental para acertar o rumo e alcançar as conquistas tão esperadas. Profissionalmente, é ótimo constatar que a análise foi correta, como em 2019.

Quando o meu time joga mal, crítico. Quando o árbitro erra a seu favor, digo. Quando o jogador que veste a camisa falha, não perdoo. Quando o dirigente não trata como deveria funcionários ou familiares de vítimas de uma tragédia no clube, registro, volto ao tema frequentemente e crítico. Favor algum. Esse é o nosso trabalho.

Mas a paixão pelas cores é para sempre. Você pode desenvolver uma capacidade de ser crítico, direto e frio ao analisar o time que faz parte da sua vida e de pessoas queridas. Mas continuará apaixonado pela camisa, irá se emocionar e terá que seguir trabalhando, ganhe ou perca. E nas vitórias sem direito a comemorar como os demais, porque não haverá tempo tão cedo para isso.

Foi o que aconteceu comigo em 23 de novembro de 2019 na cidade de Lima, no Peru. Lá cobri um dos jogos mais espetaculares da história. E hoje ele completa um ano. Nenhum de nós voltou de lá sendo a mesma pessoa. Voltamos melhores! Futebol, a melhor invenção do homem. Libertadores, a Glória Eterna. Saudações!

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