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Mauro Cezar Pereira

Advogado russo explica: ainda sem resultado, diplomacia pode ajudar Robson

Gerasimov é o advogado russo de Robson - Divulgação
Gerasimov é o advogado russo de Robson Imagem: Divulgação

23/11/2020 13h52

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O site da revista Época publicou, no fim de semana, uma nota sobre pedido do governo de Brasília ao da Rússia pela liberdade de Robson Oliveira, o que fez muita gente celebrar a possível soltura do brasileiro, preso há 616 dias em Kashira, próximo a Moscou. De fato, a diplomacia pode ajudar, muito, na luta dos advogados para que ele volte ao Brasil. No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido.

Robson foi detido por transportar duas caixas de Mytedom 10mg (cloridrato de metadona), vendido legalmente no Brasil e proibido naquele país. O medicamento seria para o sogro de Fernando, jogador de futebol que o contratou para trabalhar como motorista. Em 8 de dezembro deverá sair a sentença. Então, a defesa terá dez dias para a apelação. Quando determinada a pena, será possível lutar para que ele a cumpra em solo brasileiro.

O blog entrou em contato com Pavel Gerasimov, advogado russo de Robson, que disse, até agora, desconhecer qualquer impacto provocado por uma tentativa diplomática pela liberação do brasileiro. Mas deixou claro que outros casos de perdão já foram concedidos pelo governo russo e que um pedido de Brasília a Moscou pode, sim, colaborar no trabalho da defesa para que ele, enfim, deixe o presídio e volte para casa, no Rio de Janeiro.

Aqui no Brasil uma revista publicou que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e do Brasil, Jair Bolsonaro, "acertam saída do detido" , e que "o melhor agora para o caso é uma condenação rápida e célere. E uma imediata transferência para o Brasil após a sentença". O senhor sabe algo mais concreto sobre isso?

Eu acho que é falso. Mas o promotor pediu 12 anos de prisão para ele, o que está abaixo do mínimo.

Pela sua experiência em casos como este, que envolvem diplomacia e governos, o senhor acha possível a ingerência do presidente Putin na justiça após um eventual pedido do presidente brasileiro para que Robson cumpra sua pena no Brasil?

Sim. Há muitos casos como este, mas demoram um pouco para serem liberados. Da última vez foi com uma garota judia, levou seis meses após a sentença. E, como disse, o promotor já pediu 12 anos por Robson.

Qual a pena mínima para o caso dele, pela justiça russa?

O mínimo, por lei, é 13 anos e seis meses, o máximo é prisão perpétua. Portanto, 12 anos é uma pena abaixo do mínimo.

Róbson na prisão russa, onde segue detido desde março de 2019, e ainda no Brasil, antes de viajar - Reprodução - Reprodução
Róbson na prisão russa, onde segue detido desde março de 2019, e ainda no Brasil, antes de viajar
Imagem: Reprodução

Isso significa que o promotor não foi tão rígido, certo?

Sim, porque na defesa do Robson eu pude comprovar, numa condição extrema, que ele era dependente da Raphaela (Rivoredo, mulher do jogador Fernando, que o contratou) e não tinha intenção de cometer nenhum crime.

Voltando ao noticiado acordo esboçado entre os presidentes Putin e Bolsonaro para que Robson seja solto e cumpra pena no Brasil, o senhor acha que isso é possível? Ou seria algo muito difícil?

É possível e eu farei o que puder por isso. Mas é muito difícil, por esse motivo já estou trabalhando em um monte de documentos.

O que você pretende fazer a respeito?

Dar sequência ao processo legal de defesa do Robson.

No início da nossa conversa aqui, o senhor respondeu "Acho que é falso". Eu gostaria de entender melhor.

As notícias sobre isso são falsas. Nada sobre intervenção do presidente Putin aconteceu até agora.

No caso da israelense Naama Issachar, que também tem cidadania americana e viveu nos Estados Unidos até os 16 anos, ela foi detida na Rússia por suspeita de tráfico de drogas em 2019, e perdoada já em 2020. Foi noticiado que, para isso, o presidente do país apelou ao presidente russo e o primeiro-ministro de Israel chegou a pedir desculpas pessoalmente a Vladimir Putin, além de reivindicar sua libertação. Ou seja, Israel foi além de uma solicitação ao governo russo, pediu desculpas por seu cidadão. Foi o primeiro caso?

Não foi o primeiro. Nos últimos anos, têm sido muitos até.

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