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Mauro Cezar Pereira

Iô-iôs, algoz do Corinthians e lanterna de 2019 se reencontram após 6 anos

Jogadores do América comemoram o gol da vitória sobre o Corinthians em jogo pela Copa do Brasil na quarta-feira, em Itaquera - Marcello Zambrana/AGIF
Jogadores do América comemoram o gol da vitória sobre o Corinthians em jogo pela Copa do Brasil na quarta-feira, em Itaquera Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

30/10/2020 04h00

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por Fernando Arbex*

Neste sábado, na Ressacada, Avaí, lanterna no Brasileirão 2019; e América Mineiro, que na quarta-feira derrotou o Corinthians em Itaquera pela Copa do Brasil; vão se encontrar pela primeira vez desde 2014. No último duelo entre eles, a presidência do Brasil ainda era ocupada por Dilma Rousseff, que cumpria o fim do primeiro mandato, e o 7 a 1 havia acontecido só há 129 dias.

Em 14 de novembro daquele ano, pela Série B, o Coelho venceu por 3 a 0, mas foram os catarinenses que terminaram o torneio no quarto lugar e conquistaram o acesso à primeira divisão, com 62 pontos. Uma posição e um ponto atrás, o clube mineiro ficou na quinta colocação, mas até hoje se queixa dos 21 pontos perdidos no STJD, depois diminuídos para seis, por causa da escalação ilegal de um atleta.

Entre 2015 e 2019, os dois clubes se revezaram entre as Séries A e B: quando um subia, o outro caía. O Avaí foi rebaixado nas edições de 2015, 2017 e 2019, após acessos conquistados sempre um ano antes. Depois de bater na trave em 2014, o América esteve na elite em 2016 e 2018. Poderia figurar na primeira divisão em 2020, mas uma derrota na última rodada da segundona passada atrapalhou os planos.

Avaí, conseguiu grande resultado em São Januário, se aproximando do G-4 - Marcelo Sadio/Vasco.com.br - Marcelo Sadio/Vasco.com.br
Avaí enfrentando o Vasco em São Januário pela primeira divisão do Campeonato Brasileiro 2019
Imagem: Marcelo Sadio/Vasco.com.br

Surpreso, o presidente americano, Marcus Salum, riu da situação e admitiu que não lembrava da última vez que o clube mineiro havia enfrentado o Avaí. Ele explicou quais mudanças defende para o futebol brasileiro. "O diferencial para ficar na Série A é ter um orçamento compatível com o mínimo necessário, R$ 120 milhões. Todas as vezes que subimos, alcançamos, no máximo, R$ 80 milhões de orçamento".

Para alcançar mais receitas, Salum via como positiva a Lei do Mandante, regra que entrou em vigor na forma de Medida Provisória, mas caducou no último dia 17, uma vez que a Câmara dos Deputados não a colocou em pauta. "Estamos trabalhando duro com a Associação dos Clubes da Série B para melhorar as receitas. Não dá para falar individualizado. A negociação coletiva é muito importante", afirmou.

Segundo o mandatário, se chegar à Série A e entrar em acordo com outros nove clubes, por exemplo, seria possível vender um pacote de 190 jogos, seja para uma emissora ou uma plataforma de streaming interessada. "Desse modo o meu produto tem valor", argumenta. Ele frisa que em média, na Série B um time recebe R$ 6 milhões, enquanto na A o valor é de R$ 40 milhões.

"Só que, para esses clubes que sobem, a fatia do pay-per-view é muito baixa. Quando você chega na A, está tão endividado, tão apertado, que a melhoria na receita é para pagar as contas, não para fazer investimento. Dá para nós ficarmos, mas a gente trabalha naquele limite de risco. Sempre cai por um jogo, cai por uma bola. Teve o pênalti contra o Fluminense lá no Rio, que a gente teria ficado se fosse gol", disse Salum, fazendo referência à penalidade batida por Luan e defendida por Júlio César, confronto direto no qual o Coelho perdeu em 2018, na última rodada do Brasileirão. E caiu.

Maior ídolo da história do Avaí, o ex-meia Marquinhos participou da campanha em sexto lugar no Brasileirão 2009, mas também esteve em dois rebaixamentos (2015 e 2017). "Se todos os times fizerem um planejamento muito bem feito, caem quatro de qualquer jeito. E quando a gente cai por um ponto, como foi o nosso caso em 2017, às vezes um detalhe, uma falha de um goleiro, um pênalti perdido, no final fazem a diferença. Eu não vejo erro de planejamento", opinou o hoje dirertor de futebol avaiano.

A opinião favorável à Lei do Mandante é compartilhada pelo presidente do Avaí, Francisco José Battistotti. "Se aprovada, daria um novo patamar em 2022 para os clubes, que teriam chances em 2021, em ação conjunta, com distribuição igualitária e discutir melhores contratos". A próxima negociação coletiva deverá ocorrer no ano que vem, para a venda de direitos da Série B a partir de 2022, enquanto o vigente na Série A vale até 2024.

Outra demanda de Salum é quanto à formação de jogadores. Perguntado se o clube atua na CBF para mudar a formatação do primeiro acordo com os atletas, o presidente do América vai além. "Isso é uma coisa um pouco maior. Não é CBF, isso é projeto de lei. Os jogadores formados em clubes como nosso, você os perde com 14 ou 16 anos. Por que os empresários escolhem os melhores. Dizem que é obrigatório assinar o primeiro contrato, mas não é verdade. O sujeito some, vai parar em um clube não sei onde", queixou-se.

* jornalista

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