Vascaínos rejeitam, mas números mostram Cano parecido com o Brocador 2013

Germán Cano é uma das atrações da temporada de futebol 2020. O artilheiro do Vasco segue sua cruzada marcando tentos em série, mesmo pegando pouco na bola e finalizando raras vezes. Elas têm sido o bastante para ele fazer muitos gols. A comparação, pelo estilo nas finalizações e até em boa parte do comportamento nas partidas, lembra Hernane Brocador em sua maior fase em toda a carreira, no ano de 2013, com a camisa do Flamengo.

O fato de o atacante, hoje no Sport, ser visto por muitos como um jogador sem grandes recursos, folclórico até, gera a ira de alguns vascaínos quando a inevitável comparação é feita. Mas para desespero desse grupo, os números deixam as semelhanças vistas em campo ainda mais evidentes.

Com base em estatísticas do TruMedia/ESPN, o blog confrontou as médias de Cano no Brasileiro 2020 e Hernane na mesma competição em 2013. O levantamento deixa ainda mais clara a proximidade de estilos dos dois finalizadores em seus ótimos momentos.

Germán Cano tem sete gols em nove partidas. Hernane somou 16 em 31 aparições pela Série A em 2013, ano no qual foi artilheiro do Brasil, com 36 tentos. No Brasileirão, o Brocador deu apenas quatro passes para gols em todo o certame, enquanto o argentino ainda não ofereceu assistências aos companheiros na competição em andamento.

Em gols por jogo, as estatísticas do argentino são melhores, mas obviamente em uma quantidade maior de partidas é mais difícil manter essa média, ou seja, os números de Hernane também eram realmente bons. Vale lembrar que ele jogava em um time bem mais fraco do Flamengo em relação ao atual, que foi 11º em campo e terminou em 16º ao perder pontos no tapetão.

Em 2013 foi na Copa do Brasil que o Brocador realmente brilhou. No mata-mata nacional, atuou em 11 partidas, sendo titular em 10 (saiu do banco no 1 a 0 sobre o Cruzeiro, no Maracanã) e fez oito gols, média de 0,72, próxima dos atuais índices do argentino do Vasco na Série A.

Como o ex-flamenguista em sua melhor fase, hoje Cano é um definidor letal perto da meta adversária. Tanto que contra o Botafogo, chegou apenas à sua segunda finalização de fora da área em nove partidas, a outra foi contra o São Paulo, defendida pelo goleiro Tiago Volpi.

No clássico deste domingo, com Ribamar em campo, o camisa 14 recebeu outra missão do técnico e Ramon Menezes. Circulando mais, saindo bastante da área, consequentemente pegou mais na pelota, como fica bem claro no gráfico abaixo. Mesmo assim, Hernane em 2013 tinha mais contato com a bola do que Cano hoje, como mostram os números acima.

É fato que os dois se parecem em campo, pelo índice de participação nos jogos, sendo que Hernane em 2013 ainda fez algo de minimamente relevante nas ações defensivas, algo que Cano ainda não mostrou neste Campeonato Brasileiro. Mas no que é sua missão primordial em campo, o argentino tem sido excelente, como o Brocador foi há sete temporadas.

A comparação não é subjetiva, como os números acima evidenciam, e ser parecido com o Brocador, ainda mais em sua melhor versão, não é demérito para o atacante revelado pelo Lanús e que chegou ao Brasil vindo de duas temporadas muito boas na Colômbia. No entanto, alguns torcedores entendam esse elogio como crítica. Talvez reajam assim por desconhecimento de futebol, movidos pela rivalidade com o ex-clube de Hernane, ou por preconceito.