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Mauro Cezar Pereira

Ao lado de Bolsonaro, presidentes de Fla e Vasco envergonham suas torcidas

Presidentes de Vasco (A. Campello) e Flamengo (R. Landim) com o presidente e um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro - Reprodução/Instagram Flávio Bolsonaro
Presidentes de Vasco (A. Campello) e Flamengo (R. Landim) com o presidente e um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro Imagem: Reprodução/Instagram Flávio Bolsonaro

19/05/2020 17h39Atualizada em 19/05/2020 19h00

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O presidente da República, Jair Bolsonaro, recebeu as visitas de Rodolfo Landim e Alexandre Campello, que presidem, respectivamente, Flamengo e Vasco. Em pauta, a volta do futebol no Rio de Janeiro, arduamente defendida pelos dois dirigentes, embora o Estado registre crescimento contínuo do COVID-19 e todos os seus 92 municípios tenham casos confirmados, com 2.852 mortes, entre elas a de Jorginho, massagista rubro-negro por 40 anos.

Campello é médico, como Márcio Tanure, ortopedista flamenguista, também presente. Como os demais, ambos estavam sem máscara no encontro. Uma demonstração de entrosamento com Bolsonaro, que desde o início da pandemia do novo coronavírus minimizou os riscos da doença e foi contrário às medidas adotadas mundialmente para conter sua expansão.

A postura do homem que ocupa a presidência da República em meio à crise é medieval. Ele e seus (cada vez menos numerosos) apoiadores incondicionais revelam desprezo pela vida humana. Como ficou claro dois dias antes do encontro com os cartolas, quando participou de mais uma manifestação em Brasília no momento em que o Brasil ultrapassava os 16 mil mortos pela doença - o país é sexto do mundo em número de óbitos com 17.509.

landim e campello com bolsonaro - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Campello e Landim com Bolsonaro em Brasília
Imagem: Reprodução Instagram

Em março, nos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que a crise era fantasia propagada pela mídia, mas logo depois a Organização Mundial da Saúde oficializou a pandemia. Mais alguns dias e definiu a preocupação com o vírus como histeria. Disse, ainda, que depois de uma facada, uma "gripezinha" não o derrubaria, e destacou seu "histórico de atleta" para justificar sua reação despreocupada.

Enquanto Ministério da Saúde e governo do Distrito Federal recomendavam isolamento social, o presidente participava de manifestações entre março e abril, até afirmar ser contrário à medida, em pronunciamento. Nesse período, passeou por lojas em Brasília e, junto ao STF, tentou fazer com que a medida tomada para conter a expansão do vírus fosse afrouxada.

Bolsonaro bateu de frente com ministros, que deixaram o governo, dois deles da saúde, por, obviamente, discordarem de sua primitiva postura. Quando o número de óbitos batia os 5 mil, ele disse não ser coveiro, ao ser questionado por jornalistas. Depois lembrou que é "Messias", seu nome do meio, mas não faz milagres. Enquanto os mortos se acumulavam pelo Brasil, planejava um churrasco, depois tratado como fake news.

Falso mesmo era o conteúdo de postagem presidencial que comparava números de mortes por doenças respiratórias em 2019 e 2020, assim tratada pelo Instagram. Bolsonaro erra tão clamorosa e frequentemente, que políticos que a ele se conectaram nas eleições, como os governadores de São Paulo e do Rio, tentam se afastar do presidente e seus absurdos.

Pois no momento em que até velhos aliados caem fora do Bonde do Capitão, os presidentes dos clubes mais populares do Rio dele se aproximam. O do Flamengo chega a lhe oferecer uma camisa, logo vestida para desgosto profundo de tantos rubro-negros. Campello e Landim constrangem milhões de torcedores. Parecem que eles querem se tornar tão indesejáveis para flamenguistas e vascaínos como Bolsonaro é para a maioria dos brasileiros.