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Mauro Cezar Pereira

Estratégia da Globo funcionou: mata-mata na Série A foi cortado "pela raiz"

Vinheta Globo Futebol - Reprodução
Vinheta Globo Futebol Imagem: Reprodução

24/04/2020 17h50Atualizada em 24/04/2020 17h50

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Imediatamente após a quarentena decretada devido à pandemia de coronavírus, a TV Globo silenciou. O máximo que deixava escapar era o protocolar "estamos avaliado o cenário". O grupo de comunicação obviamente não olhava apenas os certames do futebol brasileiro, mas também para seus contratos em vigor com Comitê Olímpico (Jogos de Tóquio), Uefa (Eurocopa), campeonatos de vôlei internacional, Fórmula 1 etc. Em seguida, anunciou a suspensão de pagamento da última parcela dos Estaduais.

Paralelamente alguns clubes (e até federações) se movimentavam em defesa da ideia de voltar o Campeonato Brasileiro ao antigo formato, com mata-mata. Para os Estaduais seria ótimo, pois em tese poderiam ser concluídos, com as Séries A e B sendo espremidas num rabicho de calendário. Mas isso não interessaria à Globo, que aposta há alguns anos no crescimento do pay-per-view (PPV), e nele investe. Além de ter assumido o compromisso de desembolsar uma polpuda quantia por 380 jogos, não pelos prováveis 204 que aconteceriam em caso de recaída no Brasileirão.

A mensagem extraoficial enviada era de que se faziam necessárias definições do futebol, com uma conscientização dos clubes quanto à manutenção do regulamento. Algo como "olhem seus contratos e considerem a lógica econômica e comercial". Naturalmente o movimento esfriou e os integrantes das duas principais divisões acabaram por enviar, na terça-feira, dia 21 de abril, carta coletiva à direção da Globo assegurando as 38 rodadas, como o UOL publicou e disse ao blog o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara.

"Uma carta foi enviada pelos clubes à Globo e todos mandamos e-mails a eles, assegurando ao Pedro Garcia (diretor de direitos esportivos da rede de TV), para que não ficássemos sem receber nada", disse o dirigente mineiro.

Na verdade a Globo espera que entidades organizadoras de campeonatos pensem nesses certames como grandes produtos esportivos, inclusive para outros parceiros comerciais, placas, anunciantes, sócios-torcedores etc. A suspensão dos pagamentos dos Estaduais surtiu efeito, gerando um movimento para voltar a qualquer custo com a competição. E sem violentá-la.

Historicamente há um aumento de vendas do PPV quando começa o Brasileiro. Todo esse tempo sem futebol gera uma demanda reprimida e, com jogos sem público, há a expectativa de que esse segmento do negócio cresça. As dúvidas são: qual será esse aumento? Haverá, de fato, devido aos problemas financeiros das pessoas com a pandemia?