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Mauro Cezar Pereira

Roberto Carlos é mais um a passar recibo para Jesus e o Flamengo atual

28/03/2020 15h21

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Em entrevista ao programa Jogo Aberto, da TV Bandeirantes, o ex-lateral Roberto Carlos foi perguntado sobre o Flamengo atual e o Palmeiras de 1993/1994 do qual participou. Como seria um confronto entre os dois times? "O Palmeiras da minha época foi maravilhoso. Nós ficamos juntos dois, três anos. O Flamengo só tem um ano junto, por isso que o Palmeiras de 1993/1994 ganharia, não com facilidade, mas ganharia e ganharia bem", respondeu.

Até aí problema algum, apesar da contradição na resposta, "ganharia, não com facilidade, mas ganharia e ganharia bem". Roberto Carlos tem direito à opinião e, perguntado, apenas disse o que pensa. O que chama a atenção é o fato de o ex-jogador minimizar o trabalho de Jorge Jesus, como fez em outra entrevista, na Fox Sports: ""Treinador não ganha jogo sozinho. Se o clube tiver uma boa estrutura, colocar bons jogadores em campo...?"

Ronaldo e Roberto Carlos antes de partida entre Valladolid e Real Madrid - REUTERS/Sergio Perez - REUTERS/Sergio Perez
Roberto Carlos reencontra Ronaldo, ex-companheiro de Real e seleção, antes de Valladolid x Real Madrid
Imagem: REUTERS/Sergio Perez

O ex-lateral da seleção brasileira prosseguiu: "Mesmo não sendo o Jorge Jesus, qualquer outro treinador, com esse nível de jogadores que o Flamengo tem, a estrutura, pagando em dia, fica mais fácil. Jorge Jesus fez um excelente trabalho em seu primeiro ano. Se fosse qualquer outro treinador, chegando com essa estrutura externa, o cara vai colocar em prática. Os jogadores que ganham os jogos, que fazem o trabalho dele", acrescentou Roberto Carlos.

As contradições não param na frase dita na televisão. Quando Vanderlei Luxemburgo treinava o Real Madrid, em 2005, o lateral, então jogador do clube espanhol, não poupou elogios ao treinador que o havia comandado no Palmeiras pouco mais de uma década antes. "Com a chegada de Luxemburgo, superamos os defeitos que tínhamos. Agora temos um ano para trabalhar com ele e a equipe terá uma boa mentalidade e organização". Curioso, não?

Em 2016, quando Zidane, seu ex-colega de time nos tempos de atleta, foi contratado como treinador do Real Madrid, Roberto Carlos fez generosos elogios. "Sinto felicidade, de verdade, o presidente trouxe uma pessoa do clube, que conhece muito bem a casa e os jogadores". Interessante, pois ele minimiza a importância de Jorge Jesus, ressalta a estrutura do Flamengo, mas não parece ter colocado esse dado na balança ao falar do francês, afinal, estrutura nunca faltou ao time madrilenho.



Palmeiras 1 x 1 Flamengo, Rio São Paulo 1993

Roberto Carlos é mais um personagem do futebol que tenta desmerecer o que o português faz no futebol brasileiro. Depois de fracassar na tentativa de iniciar uma carreira como treinador, o ex-lateral adota discurso comum que parece mais inclinado aos seus ex-colegas de time ou ex-treinadores. Sobre o confronto imaginário entre o Flamengo de hoje e o Palmeiras do começo dos anos 1990, ele evidentemente não acontecerá, mas ocorreu o duelo com a equipe de 1993/1994.

Flamengo 3 x 1 Palmeiras, Rio São Paulo 1993

Na temporada 1993 os dois times não se enfrentaram no Brasileirão, que os alviverdes conquistariam, mas o confronto aconteceu pelo Torneio Rio-São Paulo. Primeiro o Palmeiras recebeu o Flamengo, houve empate (1 a 1). Na visita ao Rio de Janeiro, o time de Roberto Carlos perdeu por 3 a 1. Detalhe, ele esteve em campo na derrota no Maracanã, mas não participou do cotejo que terminou empatado no Parque Antártica. Em 1994 houve um duelo, pelo Campeonato Nacional.

Flamengo 2 x 0 Palmeiras, Campeonato Brasileiro 1994

Na ocasião, Carlinhos escalou o Flamengo com Gilmar Rinaldi, Jura, Gélson Baresi, Índio, Paulo Paiva e Charles Guerreiro; Fabinho, Marquinhos e Rodrigo Mendes; Nélio e Sávio. O Palmeiras de Luxemburgo, campeão nacional e que seria bi, foi a campo com Velloso, Gustavo, Antônio Carlos, Cléber e Roberto Carlos; César Sampaio, Amaral, Zinho e Rivaldo; Edmundo e Evair. A diferença de qualidade dos times era grande, mas os rubro-negros venceram por 2 a 0 (gols de Sávio), encerrando a invencibilidade palmeirense no Brasileiro.

Provavelmente Roberto Carlos não se lembra disso, então prefere desmerecer os feitos do português Jorge Jesus.