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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Fifa é pressionada a suspender Rússia das competições internacionais

Putin e Infantino na Copa do Mundo de 2018, na Rússia; relação é boa - Shaun Botterill/Getty Images
Putin e Infantino na Copa do Mundo de 2018, na Rússia; relação é boa Imagem: Shaun Botterill/Getty Images

Colunista do UOL

24/02/2022 14h08

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Há forte pressão dentro do Conselho da Fifa para que a direção da federação internacional puna severamente a Rússia após o ataque militar à Ucrânia. E não apenas com perda de mando de jogo, o que deve ser confirmada em breve para os confrontos da repescagem das Eliminatórias da Europa, marcados para março. Há pressão por suspensão, o que poderia tirar da Rússia a chance de ir à Copa do Qatar e eliminaria os clubes do país de competições internacionais.

Uma reunião virtual do Conselho que já estava marcada há meses entre os 37 membros, incluindo o presidente, Gianni Infantino, ocorreu nesta quinta (24). O comando da Fifa mantém uma boa relação com o governo russo há anos, desde antes da Copa do Mundo de 2018 realizada no país presidido por Vladimir Putin. Mas, hoje, a Rússia não tem representante no Conselho da Fifa, resultado de uma relação conflitante entre o futebol russo e a Uefa (União Europeia de Futebol), que é quem indica esses membros.

Ao menos três dos nove membros da Uefa no Conselho se colocaram a favor de punições imediatas à Rússia. A alegação é de que a situação é grave, o que inviabilizaria qualquer logística para que seleções nacionais e clubes enfrentem equipes russas. Em entrevista coletiva após a reunião do Conselho, Infantino disse que a Fifa monitora a situação e que a entidade "seguirá seu Estatuto, caso necessário".

"A Fifa quer a paz e condena o uso da força pela Rússia na Ucrânia e qualquer tipo de violência para resolver conflitos. A violência nunca é uma solução e a FIFA pede a todas as partes que restaurem a paz por meio de um diálogo construtivo", disse Infantino.

O problema urgente para a Fifa é justamente a repescagem das Eliminatórias para a Copa do Qatar, que tem a Rússia recebendo a Polônia em Moscou no dia 24 de março, pelo primeiro confronto. Os poloneses pediram na terça-feira (22) para que a partida seja retirada de território russo.

Nesta quinta-feira, Suécia e República Tcheca, que podem ter que viajar a Moscou dia 29 de março para a segunda rodada da repescagem, se uniram à Polônia e avisaram que não jogam na Rússia. Como o blog mostrou na terça, a Espanha seria uma opção, como campo neutro — na visão da Uefa um país com menor participação política no conflito entre russos e ucranianos.

A Ucrânia também está na repescagem das Eliminatórias, mas o sorteio a colocou como visitante na primeira rodada, contra a Escócia, em 24 de março e caso avance jogará fora de casa frente a País de Gales ou Áustria, portanto não há restrições a essas partidas. A Fifa só orientará os ucranianos a se apresentarem, e treinarem, fora da Ucrânia.

Quem defende uma suspensão para a Rússia, já a proibindo de jogar a repescagem, argumenta que poderia causa um problema maior uma classificação russa para a Copa e posterior suspensão, caso o conflito com a Ucrânia piore no futuro. O sorteio para os grupos do Mundial será em 1º de abril, em Doha, e eliminar uma seleção depois de classificada deixaria um vácuo em todo o processo.