Topo

Marcel Rizzo

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Fifa muda projeto de novo calendário que cria a Copa bienal; veja detalhes

Fifa aposta na realização da Copa do Mundo a cada dois anos - Divulgação/Fifa
Fifa aposta na realização da Copa do Mundo a cada dois anos Imagem: Divulgação/Fifa

Colunista do UOL

21/12/2021 14h34

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A direção da Fifa apresentou a seus filiados o projeto revisado de mudança no calendário do futebol mundial, que tem como principal proposta a realização da Copa do Mundo de seleções a cada dois anos, e não quatro como atualmente. Ele valeria a partir de 2025.

A pedido principalmente de treinadores de seleções, o documento revisado aumenta os meses em que jogadores estariam à disposição dos países, as chamadas datas-Fifa, comparado com a ideia inicial elaborada em setembro. Mas ainda por menos meses, e dias, do que apresenta o calendário atual. Também haveria obrigatória diminuição no número de jogos das eliminatórias para a Copa do Mundo a no máximo oito datas. Atualmente, a Conmebol faz sua disputa com dez seleções se enfrentando em turno e returno ao longo de 18 rodadas.

Há rejeição da Europa e da América do Sul ao projeto, por isso o presidente da Fifa, Gianni Infantino, não sabe se o assunto entrará em votação já no próximo congresso da entidade, marcado para 31 de março em Doha, no Qatar.

Em um dos planos do projeto se mantém uma superjanela em outubro, que para a Fifa seria o "mês das seleções", com 25 dias e até seis jogos a fazer no plano A, e até 17 dias e quatro confrontos no B. Poderia haver ainda data-Fifa em novembro. Os três esboços colocam jogos em março e fim de maio e início de junho, esta já emendando na Copa bienal ou nos continentais como Euro e Copa América, que para a Fifa seriam realizadas sempre nos anos ímpares.

A NOVA PROPOSTA
Hoje, em um cenário sem pandemia, as seleções nacionais têm janelas em cinco meses do ano para realizar jogos, sejam amistosos, partidas oficiais de eliminatórias ou torneios como a Liga das Nações, com os jogadores sendo liberados dos clubes obrigatoriamente até 10 dias por janela.

ATUALMENTE (sem pandemia)

março - 2 jogos - 10 dias de janela
maio/junho - 2 jogos - 10 dias de janela
setembro - 2 jogos - 10 dias de janela
outubro - 2 jogos - 10 dias de janela
novembro - 2 jogos - 10 dias de janela
Total de jogos: 10
Total de dias dos jogadores liberados: 50

Os jogadores ficam longe de seus clubes, portanto, até 50 dias em um ano, sem contar o período maior em anos de Copa do Mundo e continentais, que podem acrescentar de 40 a 50 dias a mais representando as seleções.

A Fifa apresentou nesta segunda-feira (20) o plano revisado com três possibilidades, a seguir:

PLANO A
outubro - 6 jogos - 25 dias
março - 2 jogos - 10 dias
maio/junho - 2 jogos - 10 dias
Total de jogos: 10
Total de dias dos jogadores liberados: 45

PLANO B1
outubro - 4 jogos - 17 dias
novembro - 2 jogos - 10 dias
março - 2 jogos - 10 dias
maio/junho - 2 jogos - 10 dias
Total de jogos: 10
Total de dias dos jogadores liberados: 47

PLANO B2
outubro - 3 jogos - 11 dias
novembro - 3 jogos - 11 dias
março - 2 jogos - 10 dias
maio/junho - 2 jogos - 10 dias
Total de jogos: 10
Total de dias dos jogadores liberados: 42

A Fifa fez planos bem distintos dessa vez. No A cria um supermês, outubro, e os técnicos das seleções só veriam de novo seus atletas em março do ano seguinte e depois na metade do ano. Alguns profissionais ouvidos não gostaram e alegaram aos responsáveis da Fifa que seria prejudicial para o nível técnico da Copa do Mundo e dos continentais.

Por isso, a Fifa criou o plano B, que abre o mês de novembro também para jogos, mas em duas condições: uma com outubro ainda se tornando o supermês para as seleções, mas com 17 dias, e não 25, e outra com os dias mais divididos entre outubro e novembro, mais próximo do modelo atual.

No documento, a Fifa diz que isso seria benéfico aos clubes, que liberariam seus atletas por menos dias e os campeonatos parariam menos em datas-Fifa, e também aos jogadores, que viajariam menos, principalmente os que precisam se deslocar entre continentes para defender suas seleções. Lionel Messi, hoje no PSG (FRA), foi um exemplo: segundo estudo da Fifa, entre 2014 e 2018 ele viajou 324.596 km para jogar pela Argentina, e a projeção feita com a mudança é que entre 2026 e 2030 ele viajaria 157.348 km.

No texto, a federação internacional ainda diz que é possível encaixar, por exemplo, um torneio como a Liga das Nações no calendário, já que as eliminatórias para a Copa serão encurtadas para todas as confederações. Amistosos também poderiam ser realizados, principalmente nas datas de maio e junho pré-Copa, o que agrada países como Brasil e Argentina que vendem seus compromissos não oficiais para empresas que pagam uma fortuna para organizar essas partidas.