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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Fifa corteja federações por racha na Europa sobre Copa a cada dois anos

Gianni Infantino, presidente da Fifa, que tenta apoio por Copa bienal - Ueslei Marcelino/Reuters
Gianni Infantino, presidente da Fifa, que tenta apoio por Copa bienal Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Colunista do UOL

02/10/2021 04h00

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A Fifa corteja federações da Europa na tentativa de ganhar apoio de parte do continente ao plano de realizar a Copa do Mundo a cada dois anos. A Uefa (União Europeia) já se manifestou publicamente contra a ideia e teria seus 55 filiados unidos contra o projeto, o que pode não ser bem assim.

No início desta semana, por exemplo, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, recebeu na sede da entidade em Zurique o chefe da Federação da Letônia, Vadims Lasenko, para oficialmente tratar do desenvolvimento do futebol nos países bálticos que, claro, tem a Copa bienal como pano de fundo para maiores investimentos. O país é o 135º no ranking da Fifa. Nesta sexta (1), o cartola esteve na Estônia participando de comemoração dos 100 anos da federação local (111ª no ranking).

Neste final de semana, Infantino estará na vizinha Lituânia, 137º do ranking, para a final da Copa do Mundo de futsal e certamente o tema estará na pauta. Para as federações nanicas da Europa as promessas são as mesmas apresentadas para as associações da Ásia, África e América Central: maiores chances de no futuro jogarem uma fase final de Copa e mais dinheiro para projetos de desenvolvimento, já que a receita da Fifa aumentará muito com um Mundial bienal.

Mas não são apenas os pequenos que estão na mira da Fifa. Durante a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), há dez dias, Infantino se encontrou com chefes de estado, da Turquia e da Bélgica, por exemplo, que podem ter influência sobre suas federações.

E nesta quinta-feira veio um importante, e até esperado, movimento de uma das potências do continente. Em entrevista ao jornal L'Equipe, o presidente da Federação Francesa de Futebol, Noel Le Graet, disse que não é contra, num primeiro momento, a uma Copa a cada dois anos. Declaração importante porque a França é a atual campeã mundial, mas esperada porque Graet é bastante próximo a Infantino —a Fifa abriu há algum tempo um escritório comercial em Paris.

A direção da Fifa precisa da maioria de votos das 211 associações filiadas se a Copa bienal entrar na pauta de um Congresso futuro, então, para aprovar o tema, o apoio de associações menores pode bastar. Mas a entidade entende que é importante ter parte da elite a favor, para dar credibilidade e segurança a potenciais patrocinadores.

Como a coluna mostrou, a Fifa corteja Brasil e Argentina por apoio, duas potências, apesar de a Conmebol já ter comunicado ser contra a ideia. Em reunião da Fifa com as federações por videoconferência na quinta, a AFA (Associação do Futebol Argentino) deu um banho de água fria na cartolagem ao se mostrar desfavorável à ideia. Brasil e Argentina faturam alto com amistosos que vendem a empresas privadas, jogos que podem morrer se o calendário for modificado com menos janelas para confrontos de seleções.

Infantino prometeu às associações publicar um relatório até novembro próximo e uma nova reunião será marcada até o fim do ano para atualização.