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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Fifa cria protocolo e está otimista por liberação de 'ingleses' à seleção

Gianni Infantino, presidente da Fifa, e Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, se encontram em Nova York para tratar de liberação de atletas - Divulgação/Fifa
Gianni Infantino, presidente da Fifa, e Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, se encontram em Nova York para tratar de liberação de atletas Imagem: Divulgação/Fifa

Colunista do UOL

23/09/2021 10h12

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Há otimismo na Fifa e nas federações sul-americanas de que os clubes ingleses liberarão seus atletas para a data-Fifa de outubro. Um acordo deve ser fechado até o fim da semana para que o governo britânico abra uma exceção a esses jogadores na necessidade de quarentena de dez dias ao retornarem da América do Sul, continente que está na lista vermelha por causa da covid-19.

O acordo, segundo apurou a coluna, exigirá que esses profissionais permaneçam isolados em bolhas nos países para quais viajarão por suas seleções. Não poderão sair da concentração, por exemplo, a não ser para treinos e jogos. O mesmo ocorrerá quando retornarem à Inglaterra: poderão treinar e atuar em partidas da Premier League ou torneios da Uefa, mas precisarão ficar em casa nos demais momentos, sem circular por dez dias. O exame RT-PCR para detectar covid-19 já faz parte do protocolo.

Os clubes ingleses se negaram a liberar seus jogadores para a data-Fifa de setembro, que teve dois dias a mais, 11, do que o habitual para acomodar três jogos, e não dois, e minimizar o atraso nas Eliminatórias para a Copa-2022 causado pela pandemia. Alegaram que perderiam esses atletas por muito mais tempo do que a janela de seleções porque eles teriam que cumprir a quarentena de dez dias ao retornarem.

Tite havia convocado nove jogadores "ingleses" para os confrontos contra Chile, Argentina e Peru: Alisson (Liverpool), Ederson (Manchester City), Thiago Silva (Chelsea), Fabinho (Liverpool), Fred (Manchester United), Gabriel Jesus (City), Raphinha (Leeds United), Richarlison (Everton) e Firmino (Liverpool). A maioria deve aparecer na lista que o treinador da seleção brasileira anunciará nesta sexta (24) para as partidas de outubro contra Venezuela (7, fora), Colômbia (10, fora) e Uruguai (14, em Manaus).

Na quarta-feira (22), o presidente da Fifa, Gianni Infantino, se reuniu com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em Nova York, onde ocorre a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Entre as pautas discutidas esteve a exceção para os jogadores. Ainda na quarta, clubes da Premier League receberam de membros do governo retorno positivo sobre a proposta de criar um meio-termo no retorno desses atletas: isolamento parcial (com a liberação para participar de treinos e jogos).

Pelas regras da Fifa é obrigatório que os clubes liberem seus jogadores nas datas-Fifa, períodos em que as seleções se reúnem para jogos oficiais ou amistosos — são janelas de nove dias em cinco meses do ano (março, junho, setembro, outubro e novembro). Como não houve a liberação em setembro, a CBF acionou a Fifa que anunciou punição aos clubes rebeldes: eles não poderiam usar os jogadores por cinco dias após o fim da data-Fifa, o que os fariam perder partidas da Premier League e da Liga dos Campeões.

Uma negociação, entretanto, foi feita e com a disposição dos clubes de combinar com o governo inglês para achar um meio-termo na exigência sanitária para os jogos de seleções de outubro e de novembro, a CBF retirou a reclamação e a Fifa anulou as punições.

Além da questão do retorno desses jogadores para a Europa, a CBF lida também com a quarentena de 14 dias exigida pelo governo brasileiro para as pessoas que passaram pelo Reino Unido recentemente, inclusive para cidadãos do Brasil. A confederação brasileira já pediu uma exceção para os convocados, mesma solicitação feita, e aceita, em junho. Eles também serão obrigados a não sair da bolha de concentração em hotéis, treinos e jogos.

Para evitar que se repita o que ocorreu no confronto contra a Argentina, quando quatro jogadores do rival que atuam na Inglaterra entraram no país sem autorização, a CBF pediu ao governo a exceção também para o atacante uruguaio Cavani, que joga no Manchester United.

Em setembro, representantes da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) interromperam aos cinco minutos o jogo Brasil x Argentina, em São Paulo, para retirar de campo os quatro argentinos que não deveriam ter entrado no país. A Argentina deixou o gramado e o jogo foi cancelado. A Comissão de Disciplina da Fifa avalia agora as punições que serão dadas e quem ficará com os pontos da partida, já que não haverá data disponível para que ela continue.