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Marcel Rizzo

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Marcel Rizzo: Carta da Globo acena à Liga como antídoto de disputa judicial

Cléber Machado, Galvão Bueno e Luís Roberto, narradores esportivos da TV Globo que tem contrato para o Brasileiro até 2024                       - JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO
Cléber Machado, Galvão Bueno e Luís Roberto, narradores esportivos da TV Globo que tem contrato para o Brasileiro até 2024 Imagem: JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO

Colunista do UOL

23/08/2021 11h25

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A carta enviada pela Globo aos 40 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro é um aceno à Liga que as associações tentam criar em meio à crise política que vive a CBF, hoje a entidade que organiza essas competições.

"Inclusive apoiamos a negociação coletiva dos clubes por seus direitos de transmissão, como ocorre nas principais ligas do mundo (mesmo em países que adotam na legislação o sistema dos direitos do mandante) para assegurar que os clubes consigam maximizar seus ganhos, sem causar desequilíbrio no mercado", diz trecho do documento.

Se a Liga de clubes vingar é natural que a negociação dos direitos de transmissão passe a ser coletiva — - apesar de que, até agora, as reuniões dos cartolas não trataram do assunto.

Desde 2011, quando o Clube dos 13 foi implodido, as tratativas são individuais. Mesmo com a criação da lei do mandante, que dará aos clubes o poder de negociar os jogos em que atuem em casa, o entendimento é que com uma Liga esses direitos sejam negociados pelo comando dessa nova entidade, mesmo que alguns clubes recebam mais do que outros em algumas plataformas, como o pay-per-view por exemplo.

Ao acenar para a Liga pela primeira vez publicamente, a Globo faz um movimento em que mostra acreditar que a associação a ser criada servirá como antídoto à judicialização que possa ocorrer quando a lei do mandante passar a valer — aprovada pela Câmara, ela agora tramita no Senado.

Ao mesmo tempo que diz na carta ser favorável à lei, a Globo também mostra preocupação que contratos atuais, que para a Série A valem até 2024 (para TVs aberta e fechada e PPV), possam não ser cumpridos. O texto aprovado na Câmara dá segurança parcial à emissora: ele diz que acordos vigentes precisam ser respeitados, mas abre para que equipes que não tenham contrato assinado possam negociar seus 19 jogos como mandante com quem quiser, mesmo antes de 2025, quando inicia o novo ciclo.

A Liga, portanto, poderia ser um porto seguro para a Globo até 2024: mesmo times que subissem da Série B para a A sem contrato com a emissora poderiam ter que entrar em um acordo coletivo.

O receio de judicialização não é à toa: o Athletico, único dos 20 clubes que não tem contrato de PPV vigente para a Série A, tem uma liminar em que pode vender essa plataforma a quem quiser. Neste último final de semana, o clube paranaense negociou o jogo contra o Corinthians para a Jovem Pan, que transmitiu via Youtube, e para o streaming Twitch. A Globo, com quem o Athletico tem acordo para TV aberta, fez a transmissão para todo o Brasil, menos Curitiba, com a concorrência das outras plataformas.

A Globo apenas observou o movimento do Atheltico, mas o Corinthians tentou impedir judicialmente que o jogo fosse transmitido em plataformas que não a TV aberta, sem sucesso. O clube do Parque São Jorge, hoje, é um dos principais aliados da Globo.