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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Domínio do Brasil na Libertadores incomoda e mudança de regra é sugerida

São Paulo e Palmeiras se enfrentam nas quartas de final da Libertadores - GettyImages
São Paulo e Palmeiras se enfrentam nas quartas de final da Libertadores Imagem: GettyImages

Colunista do UOL

13/08/2021 04h00

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A possibilidade de quatro clubes de um mesmo país, no caso o Brasil, chegarem à semifinal da Libertadores, algo inédito, tem gerado um misto de preocupação e de insatisfação dentro da Conmebol. Em reunião do Conselho da confederação na última semana, por meio de videoconferência, representantes de algumas federações nacionais questionaram a direção da entidade sobre a possibilidade de o torneio se tornar previsível e desestimular investimentos em alguns países.

Em conversas reservadas, alguns cartolas defendem que a Conmebol volte a criar barreiras no regulamento que impeçam que três ou quatro times de um mesmo país estejam juntos nas etapas mais avançadas da Libertadores, como ocorreu em momentos distintos na história da competição.

Essa possibilidade, apurou a coluna, é descartada pela Conmebol e por entes parceiros da confederação na Libertadores. Inclusive é citado que com oito brasileiros participantes, ou sete argentinos, como na edição 2021 por exemplo, é inviável criar barreiras, a não ser que diminua o número de concorrentes, o que não ocorrerá. Foi para atrair mais patrocinadores e vender os direitos de transmissão a mais países que a Libertadores engordou em 2017 para 47 clubes.

Nas últimas três edições da Libertadores, somente brasileiros e argentinos chegaram à semifinal. O último campeão não brasileiro ou argentino foi o Atlético Nacional (COL), em 2016, mas antes dele havia sido a LDU (EQU), em 2008. Desde 2000, quando a Conmebol começou a inchar a Libertadores e os países passaram a ter mais de dois ou três concorrentes, há um domínio brasileiro ou argentino em títulos. O que incomoda a cartolagem nem é a concentração dos troféus para duas federações, mas que nem mesmo etapas anteriores à final times de outros países estão alcançando, o que significa receber menos dinheiro das cotas por desempenho.

DOMÍNIO SEM BARREIRA
Em 2021, há a possibilidade de quatro brasileiros completarem totalmente as semis -- mesmo se três chegarem já será algo inédito. Um time está garantido, que sairá do confronto entre Palmeiras e São Paulo (1 a 1 por enquanto). O Flamengo atropelou o Olimpia (PAR) por 4 a 1 no jogo de ida das quartas de final e está com um pé na semifinal, enquanto o Atlético-MG bateu o River Plate na Argentina, 1 a 0, se tornando favorito à vaga. Nesta quinta-feira (12), o Fluminense empatou com o Barcelona (EQU), 2 a 2, na ida.

A Libertadores teve, em dois distintos momentos, barreiras que evitavam a concentração de times de um mesmo país em fases finais. Até 1987, as semis eram disputadas em grupos, não em confrontos eliminatórios, mas havia o limite de dois ou três participantes por país, o que minimizava distorções.

A partir de 1988, a semifinal passou a ser no formato mata-mata, mas proibiu-se que times de um mesmo país estivessem juntos nela. Se direcionava as chaves para que se encontrassem até as quartas, algo simples de se fazer quando não havia mais de três concorrentes por federação. Isso acabou na edição de 2000, quando se aumentou o número de participantes — brasileiros e argentinos passaram a ter quatro vagas.

O problema é que por dois anos seguidos, em 2005 e 2006, a final foi entre clubes brasileiros, o que fez a cartolagem de outros países reclamar, mais ou menos como agora. A partir de 2007 times de um mesmo país teriam que obrigatoriamente se encontrar até a semifinal, com chaveamento dirigido.

Como de 2013 a 2016 as semifinais tiveram times de quatro países diferentes, a Conmebol decidiu abolir essa regra para a edição de 2017, que marcou também o inchaço para 47 participantes. Seria inviável criar uma regra de barreira com seis ou sete brasileiros ou argentinos em ação, por exemplo.

A insatisfação de alguns cartolas atualmente pode gerar valores maiores de cotas de participação em etapas intermediárias nos próximos anos, mas, dificilmente, um retorno a limite de países nas fases finais do torneio.