Topo

Marcel Rizzo

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Conmebol analisou se houve fraude após VAR errar em Cerro x Fluminense

Fluminense e Cerro Porteño se enfrentaram com erro no VAR pela Libertadores - Cesar Olmedo POOL/EFE
Fluminense e Cerro Porteño se enfrentaram com erro no VAR pela Libertadores Imagem: Cesar Olmedo POOL/EFE

Colunista do UOL

09/08/2021 14h20

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Comissão Disciplinar da Conmebol solicitou um relatório a uma empresa parceira especializada em detectar fraude no futebol para decidir sobre o pedido do Cerro Porteño (PAR) para anular o jogo de ida das oitavas de final da Libertadores contra o Fluminense, disputado em 13 de julho em Assunção.

Com base no texto enviado pela Sportadar, a vice-presidente da comissão, a venezuelana Amarilis Belisario, rejeitou a solicitação do clube paraguaio e manteve o resultado em 2 a 0 para o Fluminense. Os brasileiros venceram também o confronto da volta, 1 a 0 no Maracanã, e avançaram para as quartas de final.

O Cerro pedia um novo jogo alegando que um gol anulado de forma equivocada pela arbitragem, em que teve a participação do VAR, afetou o fair play esportivo da competição e prejudicou o time financeiramente, já que a eliminação do torneio ficou mais próxima. O lance, de fato, foi bizarro: tanto os árbitros de campo, quanto os de vídeo, ignoraram um jogador do Fluminense que validava a jogada que originou gol do time paraguaio — foi marcado impedimento. Todos os responsáveis foram afastados pela Conmebol.

Para Belisario, seguindo o código disciplinar da Conmebol, a anulação do jogo se daria apenas em três condições: 1) escalação de jogador irregular; 2) campo de jogo impraticável ou 3) uma decisão de um oficial do jogo que tivesse influído no resultado exclusivamente em casos de corrupção arbitral.

Excluindo as possibilidades 1 e 2, Belisario se fiou na 3 para julgar o caso e, por isso, pediu ao Departamento de Integridade da Conmebol que acionasse a empresa parceira para detectar a possibilidade de ter tido manipulação no resultado, única maneira, portanto, em que caberia a anulação da partida.

"Tanto os mercados de apostas pré-jogo como ao vivo se comportaram de forma regular e não foram observadas apostas significativas prévias à anulação do mencionado gol. Não há indícios nas apostas observadas neste encontro para considerar que tenha sido manipulado com o fim de obtenção de lucro ilícito nos mercados de apostas esportivas", informou o relatório da Sportradar, que desde 2017 tem parceria com a Conmebol para identificar possíveis casos de manipulação de resultado nas competições de clubes e seleções da entidade.

Segundo o texto, "caso os apostadores chegassem a ter conhecimento prévio do resultado final deste encontro, do primeiro tempo ou outros mercados derivados como por exemplo "primeiro gol", teríamos observado fortes apostas em função a isso, não obstante, isto nunca ocorreu. Por exemplo, as cotas a favor de uma vitória do Fluminense FC em mercados tanto de AHC como 1X2 estiveram sempre em um nível competitivo, em concordância com as expectativas marcadas pelo modelo matemático de Sportradar".

Como o Cerro Porteño não apresentou provas de que a marcação errada da arbitragem pudesse ter sido causada por fraude, e baseado no relatório da empresa, Belisario decidiu não acatar o pedido dos paraguaios.