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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Clubes bancam viagem por vacina da Conmebol após lobby em Brasília falhar

Rony, jogador do Palmeiras, toma vacina contra covid-19 no Paraguai - Cesar Greco/Palmeiras
Rony, jogador do Palmeiras, toma vacina contra covid-19 no Paraguai Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

Colunista do UOL

17/06/2021 13h30

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A direção da Conmebol está animada com a iniciativa de clubes brasileiros viajarem ao Paraguai para tomarem a vacina contra a covid-19. No fim de abril, a confederação recebeu 50 mil doses do imunizante em doação do laboratório chinês Sinovac, intermediado pelo governo uruguaio, mas as 5 mil destinadas à CBF não puderam entrar no Brasil por causa da legislação.

Por enquanto, Palmeiras e São Paulo toparam viajar a Assunção exclusivamente para que jogadores e funcionários se vacinassem. Com um detalhe: o voo, fretado, bancado pelos clubes. A Conmebol, no caso do Palmeiras, ofereceu o hotel que tem ao lado de sua sede, já que os brasileiros dormiram no Paraguai de segunda para terça-feira. A logística toda, porém, é de responsabilidade dos clubes.

O Palmeiras usou Assunção como espécie de escala para ir de São Paulo a Caxias do Sul, onde venceu o Juventude por 3 a 0 nesta quarta-feira (16), pelo Brasileirão. Dormiu no Paraguai de segunda para terça, dia que se imunizou e ainda treinou no centro de treinamento do Libertad. Depois, também de voo fretado, seguiu viagem para o Rio Grande do Sul.

O São Paulo fará bate e volta nesta quinta-feira: também de fretado, uma exigência dos protocolos da Conmebol. Os dois clubes devem tomar a 2ª dose durante as oitavas de final da Libertadores, em julho. O Palmeiras viajará a Santiago (para enfrentar a Universidad Católica) e o São Paulo a Buenos Aires (confronto contra o Racing), e devem parar em Assunção na volta.

Sem liberação
A decisão de viajar para receber a imunização ocorreu depois que a articulação que a CBF fazia em Brasília, para que as vacinas fossem liberadas para entrar em solo brasileiro, fracassou.

Por lei, 50% de qualquer imunizante contra covid-19 que entrar no Brasil por meio de entidade privada precisa ser repassada ao SUS. Os lotes também precisam ser aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Apesar de a vacina da Conmebol ser a Coronavac, liberada para ser dada no Brasil, o processo de importação é diferente e necessita do aval.

Desde abril a CBF tenta que o governo federal abra uma exceção na lei para o produto da Conmebol — houve pedido para que fossem incluídas no processo que liberou a vacinação para os brasileiros que viajarão entre julho e agosto ao Japão para os Jogos Olímpicos, mas sem sucesso.

Até agora, membros de somente dois clubes brasileiros tinham sido vacinados: do Atlético-GO e do Atlético-MG, que tomaram quando os times jogaram no Paraguai pelas Copas Sul-Americana e Libertadores, respectivamente. Dirigentes de outros clubes, como Grêmio e Inter, afirmaram que não se vacinariam fora do país, apenas se houvesse liberação para tomarem no Brasil seguindo a legislação. A seleção brasileira também não quis imunizar jogadores e funcionários no começo de junho, quando esteve em Assunção para enfrentar o Paraguai pelas Eliminatórias. Alegou que dúvida sobre quando receber a 2ª dose atrapalhava.

A Conmebol reservou suas vacinas para os clubes da elite, masculina e feminina, de cada uma das dez associações filiadas. No caso do Brasil, portanto, são 20 clubes entre os homens e 16 entre as mulheres - nenhum time feminino até o momento foi imunizado. Também podem ser vacinados árbitros, funcionários da Conmebol e da CBF, além de pessoas que trabalham in loco na organização dos jogos organizados pela confederação sul-americana.