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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Acordo impede que sul-americano perca privilégio após fracassos no Mundial

Weverton é consolado pelo atacante Gignac após o Tigres derrotar o Palmeiras na semifinal do Mundial de Clubes - Karim JAAFAR / AFP
Weverton é consolado pelo atacante Gignac após o Tigres derrotar o Palmeiras na semifinal do Mundial de Clubes Imagem: Karim JAAFAR / AFP

Colunista do UOL

12/02/2021 12h01

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O campeão sul-americano perdeu a semifinal e ficou fora da decisão em três das últimas cinco edições do Mundial de Clubes. O equilíbrio em confrontos contra times asiáticos, africanos e da América do Norte, entretanto, não faz com que a Fifa planeje tirar o privilégio da Conmebol de entrar automaticamente na semifinal do torneio que deve ter ao menos mais duas edições no formato atual.

O Mundial com seis, inicialmente, e depois sete participantes ocorre desde 2005, quando um acordo entre Fifa, Uefa (União Europeia de Futebol) e Conmebol viabilizou a realização do campeonato. Foi necessário que europeus e sul-americanos abrissem mão da Copa Intercontinental anual que disputavam no Japão todo mês de dezembro para a Fifa encaixar a sua competição no calendário.

Essa negociação não foi tão simples à época porque Uefa e Conmebol tinham contratos comerciais assinados, com empresas e também com a federação japonesa, que bancava parte do evento. Tudo precisou ser bem amarrado.

Por exemplo: o Japão ganhou o direito de ser sede das quatro primeiras edições do Mundial, de 2005 a 2008, com a montadora Toyota, que patrocinava o Intercontinental, também passando a ter a marca exposta no torneio — a empresa japonesa dava o nome à competição da Fifa.

Para europeus e sul-americanos ficou a garantia de que entrariam sempre na semifinal garantindo, assim, a premiação mínima do quarto lugar — no caso da edição 2020 realizada agora em fevereiro de 2021 foi de US$ 2 milhões (R$ 10,8 milhões), valor que o Palmeiras receberá.

A Fifa deve realizar ao menos mais duas edições do Mundial no formato atual: em dezembro de 2021, já confirmado, será no Japão. Em 2022 a Copa do Mundo do Qatar, que será entre novembro e dezembro para minimizar o calor do Oriente Médio, complica o calendário, mas a Fifa precisa realizar o torneio porque há um contrato com a empresa chinesa Alibaba. Nessas duas edições o sul-americano está garantido na semifinal.

Para o Super Mundial que a Fifa pretende realizar com 24 clubes, sendo oito europeus e seis sul-americanos, o formato pode dificultar um certo privilégio a esses continentes, já que provavelmente eles teriam que se cruzar já numa fase de grupos. Mesmo assim há articulações para que europeus e sul-americanos possam ser cabeças de chave. A ver como a Fifa pode evitar um domínio absoluto dos europeus, que ganharam 13 das 16 edições do Mundial no formato atual. As exceções foram São Paulo, campeão em 2005, Inter (2006) e Corinthians (2012).

O primeiro sul-americano a perder a semifinal foi o Inter, em 2010, que levou 2 a 0 do Mazembe, da RD do Congo, em Abu Dhabi. Depois o Atlético-MG foi derrotado em 2013 para o Raja Casablanca (Marrocos), o Atlético Nacional (Colômbia) em 2016 para o Kashima Antlers (Japão), o River Plate em 2018 para o Al Ain (Emirados Árabes) e o Palmeiras na edição de 2020 para o Tigres (México). Destes somente o time paulista perdeu também a disputa do terceiro lugar, para o Al-Ahly (Egito).

O Intercontinental, confronto entre os campeões europeus e sul-americano, ocorreu entre 1960 e 2004, um ano antes do início do torneio da Fifa no formato atual — houve uma primeira edição do Mundial em 2000, no Brasil, vencida pelo Corinthians com oito participantes e que não aconteceu mais porque a empresa de marketing esportivo que organizava, a ISL, faliu.

Até 1979 o Intercontinental ocorria em jogos de ida e volta, um na Europa e outro na América do Sul, e a partir de 1980 fixou sede no Japão, que bancava a operação com boas premiações.