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Marcel Rizzo

CBF pode mudar regra e permitir "maratonas" de times para viabilizar volta

Dudu tenta jogada durante Palmeiras x Flamengo pelo Brasileiro de 2019 - Bruno Ulivieri/AGIF
Dudu tenta jogada durante Palmeiras x Flamengo pelo Brasileiro de 2019 Imagem: Bruno Ulivieri/AGIF

Colunista do UOL

08/06/2020 04h00

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Entre as poucas certezas que se tem sobre o retorno do futebol no Brasil, uma é que os clubes enfrentarão uma maratona de jogos que lembrará os calendários dos anos 1980 e 1990. O regulamento geral de competições da CBF precisará de uma alteração, ou adendo, que diminua o intervalo mínimo entre as partidas de um mesmo time no país, hoje de 66 horas.

Há consenso que esse novo período será de 48 horas. Em outras palavras, os clubes poderão atuar até três vezes por semana. O calendário ficará inchado no segundo semestre - as projeções são de que em julho os Estaduais voltem a ser disputados. Esses torneios estavam em andamento quando o esporte parou em meados de março por causa da pandemia do novo coronavírus.

Os regionais são os mais fáceis de disputar na retomada por dois motivos: 1) já estão no fim -, o Campeonato Paulista, por exemplo, precisa de mais seis datas, e isso ainda pode ser reduzido dependendo de acordo entre os clubes; 2) os deslocamentos são menores dentro dos estados, a maioria de ônibus, o que facilita a disputa das partidas e até o isolamento e testes dos jogadores.

Como serão disputados o Campeonato Brasileiro, que nem começou e precisa de 38 datas, e a Copa Libertadores, que parou na segunda rodada da fase de grupos e necessita de dez datas, além do dia da final em jogo único, é uma incógnita.

Como os times precisam fazer deslocamentos mais longos nessas competições - e no caso da Libertadores e da Sul-Americana, ainda há a questão das fronteiras entre os países, e nossos vizinhos estão com o pé atrás com o número crescente de casos e mortes por Covid-19 no Brasil -, não se tem data para que as partidas ocorram.

Mas mesmo que CBF e Conmebol topem estender o calendário de 2020 para 2021 (hoje a cartolagem torce o nariz para isso, porque atrapalharia os campeonatos do ano que vem), haveria confronto de datas até dezembro. O que fazer então? Jogar mais vezes por semana. Isso já foi discutido em reuniões nas confederações sul-americana e brasileira.

Jogos a cada dois dias eram comuns em décadas passadas. Os times atuavam terça, quinta e domingo, ou mesmo sábado, em mistura de competições como Estaduais, Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e um segundo torneio da Conmebol. Hoje o calendário é mais bem dividido e, apesar de longo, os clubes fazem no máximo duas partidas por semana. Em algumas, ainda têm folga no meio dela, atuando apenas uma vez.

A preparação física nesse retorno do futebol será um ponto importante. Especialistas dizem que seria necessário entre 45 e 60 dias de treinos para se voltar a jogar com segurança para os atletas e evitar lesões, já que eles estão parados há quase três meses, o que nunca ocorre. As férias normalmente são de 30 dias, entre dezembro e janeiro, e logo os jogadores já estão em fase de pré-temporada novamente.

A Fifa e a International Board, o órgão que define as regras do futebol, pensando que muitas federações talvez precisassem encurtar o descanso dos atletas para terminar seus campeonatos, alterou provisoriamente o número máximo de alterações em um jogo de três para cinco. O Campeonato Alemão, que já voltou, adotou a regra, e é provável que CBF e Conmebol também façam isso.