Gracias, Zubeldía!

POR ALMIR MOURA*
Zubeldía é um profissional raro!
Raríssimo!
E extremamente digno!
Não aceitou vir para o São Paulo antes, pois precisava de um período sabático para reorganizar a mente.
Recarregar as baterias, se reenergizar.
Após exitosa passagem pela LDU.
Muitos treinadores, mesmo sem estar nas suas melhores condições, aceitam o primeiro convite que vier, valendo-se da multa e de outras benesses.
O argentino, não.
Foi muito correto já naquela altura.
Tempos depois, novo aceno do São Paulo.
Dessa vez, deu match.
Começava ali sua trajetória pelo tricampeão da Libertadores e Mundial.
E desde de sempre, Zubeldía demonstrou conhecer muito bem a história do SPFC.
História essa, que respeitou como poucos, do primeiro ao último dia.
Deixa o clube sem perder um jogo sequer da Libertadores, em duas disputadas.
14 partidas, zero derrota.
Um feito inédito.
E que - consequentemente - só ele conseguiu pelas bandas do Morumbi.
Fez o melhor Campeonato Brasileiro da gestão Casares, o de 2024, classificando o clube à Libertadores do ano seguinte.
(mais um feito, visto que - desgraçadamente - cabe a administração Júlio Casares ser a detentora dos piores números de uma presidência do São Paulo em Campeonatos Brasileiros por pontos corridos. Culpa apenas do treinador? Pois é...)
Avançou às oitavas da Copa do Brasil deste ano.
Na edição passada, foi eliminado de forma digna pelo Galo, nas quartas.
E se não fosse um gol inacreditavelmente perdido por Lucas na primeira partida...
Poderia ter mais feitos para colecionar.
Na Libertadores 2024, idem.
Queda honrosa, nas quartas, apenas nos pênaltis (com Lucas perdendo pênalti no tempo normal, Calleri perdendo gols incríveis).
Para o Botafogo.
Clube de investimento muito superior, e que acabaria campeão.
A realidade é que com muito pouco em mãos, o treinador argentino esteve sempre a fazer o máximo possível.
Desde sempre, tirando leite de pedra, no São Paulo.
Fazendo muito mais, entregando muito mais, do que lhe deram.
E no Estadual? Uma vez mais, uma campanha muito decente.
Mesmo com a diretoria e o presidente nadando contra a corrente. Em processo de autossabotagem.
Retirando, por exemplo, jogos importantes do Morumbis, atrapalhando de forma atabalhoada o planejamento do treinador.
Zubeldía seguiu desempenhando bem.
E sem reclamar.
Mesmo sem qualquer investimento.
Mesmo com a diretoria e a presidência errando muito...
Nunca se queixou de nada!
Jamais colocou culpa de eventuais maus resultados em quem quer que fosse
A má campanha recente no Brasileiro, porém, o fez repensar.
Percebendo que não tinha mais como tirar algo do elenco, pediu pra sair.
E sai de forma nobre.
Mais uma atitude respeitável de sua parte.
Pensando em primeiro lugar no bem-estar do clube que propriamente em si mesmo.
Até multa graciosa deixou pra trás.
Respeitando o SPFC até o último segundo de sua estadia por lá.
Uma pena não ter sido campeão, mas, a sua hombridade e o seu caráter o fazem sair de cabeça erguida.
De forma extremamente digna.
Pela porta da frente.
Gracias, Zubeldía!
Muchas gracias!
* Almir Moura é baiano de Rodelas, professor, pai de Juan e Mari, são-paulino e colaborador do blog.
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