Os alunos da PUC-SP têm direito de se manifestar
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POR LUIZA KFOURI*
No dia 19/05, estudantes de diversos cursos do Campus Monte Alegre da PUC-SP iniciaram uma paralisação. Eles reivindicam a redução das mensalidades, a diminuição do valor do restaurante universitário, a implementação de um currículo antirracista e de cotas trans, a reabertura do programa San Tiago Dantas de pós-graduação de Relações Internacionais, entre outras coisas.
Desde então, o movimento iniciado pelos Centros Acadêmicos de Ciências Sociais, História e Ciências Socioambientais, Serviço Social e Relações Internacionais, assim como o Coletivo Saravá, coletivo negro da universidade, tem ganhado apoio e força de outros cursos, como Jornalismo e Psicologia, e se tornou uma verdadeira demonstração de luta em prol de pautas completamente justas e factíveis.
A paralisação tem uma programação, com rodas de conversa, aulas abertas e exibições de filmes que contribuem nas discussões sobre racismo estrutural, permanência estudantil e os temas que envolvem as demandas dos alunos.
Na quarta-feira (21), os estudantes ocuparam a universidade e a programação seguiu normalmente. Hoje (23), sexta-feira, no início da noite, os alunos receberam a informação de que a FUNDASP, mantenedora da universidade, está ameaçando reintegrar posse, com uso de força policial "caso necessário", autorizado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Além disso, mais de quatro alunos já foram intimados e ameaçados de multa no valor de 10 mil reais diários caso sigam em manifestação.
A PUC-SP tem uma história longa e muito respeitada com a democracia brasileira. Em 1977, a polícia militar, liderada por Erasmo Dias, invadiu a universidade durante a ditadura. A reitora na época era Nadir Kfouri, que, ao ser cumprimentada pelo coronel, disse: "Não dou a mão a assassinos".
É, no mínimo, alarmante que, quase 50 anos depois, essa história possa se repetir. Resta saber se a FUNDASP se lembra do legado da universidade que mantém ou se prefere jogar tudo no lixo.
Os alunos da PUC-SP têm direito de se manifestar.
*Luiza Kfouri é aluna do curso de Ciências Sociais da PUC-SP.
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