Flamengo humilha o Corinthians com dó e piedade no Maracanã
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Aos 4 minutos, de fora da área, com a mesma liberdade que os volantes do Corinthians têm permitido nos últimos jogos, Cebolinha bateu firme, forte, no canto, e Hugo Souza tomou o primeiro gol do Flamengo no Clássico do Povo.
Ainda antes que os paulistas passassem do meio de campo, Pedro cabeceou, da pequena área, na trave corintiana.
Prenunciava-se goleada no Rio de Janeiro.
No camarote, ao lado do ex-rubro-negro Fabinho Soldado, Dorival Júnior, que também esteve na Gávea para ser campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, via o que lhe esperava.
No gramado, mais três ex-rubro-negros vestiam a nova camisa alvinegra, alusão à conquista do primeiro Mundial de Clubes da FIFA, muito mais bonita que a horrorosa anterior: Hugo, Matheuzinho e Gustavo Henrique.
Aos 18 minutos, pela primeira vez, o Flamengo concedeu a honra de os visitantes frequentarem sua área.
Bruno Henrique estava no banco, quando deveria estar em casa, mas, ao menos não estava em campo.
Aos 20, em virada de jogo do argentino Angileri para Carrillo, o peruano bateu de primeira e o também argentino Rossi defendeu de peito a bola que veio em cima dele.
O Corinthians começava a jogar.
Aos 25, por preciosismo, Pedro recebeu passe preciso de Cebolinha e em vez de cavar, procurou o companheiro de volta, de calcanhar, mas a defesa interveio.
O Flamengo começou a deixar a bola com o rival para tentar surpreendê-lo em jogadas de velocidade.
Aos 30, Memphis, em sua primeira atuação no Maracanã, pediu substituição.
Para quem já não tinha Rodrigo Garro, convenhamos, a possibilidade de criação se restringiria a Carrillo.
Aos 33, Dom Arrascaeta deu mais uma vez o ar de sua graça e, da entrada da área, pôs a bola no canto para fazer 2 a 0.
Bola que ia no gol, entrava, sem cerimônia, exceção a uma que bateu na trave.
Então, aos 36, foi a terceira, de Pedro, ao receber um presente de Hugo, talvez tão desnorteado que esqueceu estar no Corinthians e não mais no Flamengo: 3 a 0.
Igor Coronado, o que tem o melhor emprego do Brasil, entrou no lugar de Memphis.
A Nação, em coro, cantava o nome de Hugo.
E a goleada estava desenhada. Faltava pintar em vermelho e preto.
O 4 a 0, aos 45, não saiu por maldade dos deuses dos estádios e pelo pé de Hugo em sua primeira e única defesa.
Pedro entrou na área com caneta em André Ramalho, livrou-se de Gustavo Henrique com drible seco, entortou Matheuzinho e bateu para o corte do goleiro.
O segundo tempo começou com o Corinthians ensaiando um bom ataque, mas a resposta não tardou, com Dom Arrascaeta acertando o travessão de Hugo.
Atacar parecia ser uma temeridade para os campeões paulistas, mas fazer o quê? Só recuar para evitar a catástrofe? Os campeões cariocas pintavam e bordavam.
A Fiel ainda achava forças para entoar seus cânticos, prova provada de que a diretoria corintiana não merece a torcida que o clube tem, exploradora da paixão alheia em benefício próprio, como certos pastores neopentecostais.
O time tentava reagir em campo, com dignidade.
Mas Pedro e De La Cruz combinaram para quase ampliar o placar e Hugo evitou o 4 a 0, aos 14.
Aí, Filipe Luís começou a botar o resto da cavalaria no jogo, ao trocar Cebolinha por Luiz Araújo.
Diga-se que sem desistir de golear, o Flamengo diminuiu o ritmo do clássico, mais preocupado em descansar do que em aumentar a humilhação que impunha ao adversário.
Igor Coronado derrubou Dom Arrascaeta na área, o VAR chamou e o assoprador, que não tinha visto, marcou o pênalti, convertido por Pedro: 4 a 0, aos 34.
Bruno Henrique, único erro grave de Filipe Luís ao expô-lo, entrou para completar seu 300° jogo com a camisa do Flamengo (sabe-se lá quantos mais fará), no lugar de Pedro, e Plata, no de Dom Arrascaeta.
Talles Magno, Martínez e Maycon também entraram nos lugares de Romero, Raniele e Carrillo.
Se o Flamengo forçasse a barra repetiria o que a Alemanha fez, com camisa rubro-negra, contra o Brasil, e sem sofrer gol.
Em sinal de ostentação explícita, o Flamengo ainda pôs Allan e Matheus Gonçalves, nos lugares de Pulgar e Gerson.
Só restava saber se os que vieram do banco teriam a mesma complacência dos que estavam no gramado e se limitariam a dar ritmo ao olé que ecoava nas arquibancadas.
Já não se ouvia a Fiel, também porque cantar em funeral é coisa rara.
O assoprador de apito teve pena e deu só três minutos de acréscimos diante de mais de 67 mil torcedores.
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