Os verdadeiros motivos para a volta da Lusa ao Canindé

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POR DANIEL GIL GOMES*
A SAF da Portuguesa mal iniciou os trabalhos no clube, e já levantou suspeitas em relação ao planejamento feito. A bola da vez é o adiamento da reforma do Estádio da Canindé, prevista para acontecer durante o Paulistão. No dia 18 de janeiro, o local recebeu a última partida antes da paralisação oficial para a realização da obra.
Com os jogos disputados no Pacaembu, o prejuízo foi grande, com a Portuguesa tendo as três piores rendas líquidas de todo o Campeonato Paulista, totalizando quase R$200 mil negativos aos cofres do clube. O alto valor gasto fez com que a SAF buscasse outro espaço para a equipe mandar os jogos do Campeonato Brasileiro da Série D, e a escolhia havia sido o Estádio Municipal Prefeito Gabriel Marques da Silva, em Santana de Parnaíba, localizado a pouco mais de 40 quilômetros da casa lusitana.
Cogitar essa mudança é um desrespeito com as tradições da Portuguesa. Afastar o torcedor, dificultar o acesso dos lusitanos aos jogos é lamentável. A torcida sempre esteve ao lado do clube, não podemos tentar enfraquecer este movimento. As nossas raízes são portuguesas, temos muito orgulho de tudo o que foi construído. Não podemos atropelar as tradições do clube, mudar o visual do mascote e jogar em um estádio neutro. ''Somos uma casa portuguesa, com certeza!", esse trecho é cantado pelos lusitanos e deve ser respeitado pelos novos gestores.
Mesmo deteriorado, o Canindé está com os laudos em dia, ou seja, está apto para receber os jogos da Portuguesa. Mas o que mudou para que a Portuguesa adiasse as reformas?
O projeto de restauração apresentado pelos gestores da SAF constava com diversas irregularidades. O valor divulgado inicialmente pelas obras seriam em torno de R$500 milhões, e em entrevistas feitas por Alex Bourgeois, o CEO da equipe, o valor poderia chegar entre R$700 milhões e R$1 bilhão, contradizendo o projeto assinado por todas as partes.
É importante lembrar que a venda da Portuguesa ao grupo Tauá foi de 80%, e os 20% restantes sendo administrados e geridos pela associação da Lusa. Portanto, conforme a dívida e os valores aumente, a associação é responsável por 20% destes números, caso a reforma ultrapasse os R$500 milhões.
Outro ponto a ser salientado é em relação ao terreno ocupado pelo Canindé, que possui dívidas não só com credores, mas também com a Prefeitura de São Paulo. Responsável por boa parte do terreno, a credora Dra. Gislaine Nunes tem cerca de R$80 milhões a serem recebidos. Sim, uma advogada tem mais poder no estádio do que a própria dona, a Portuguesa.
O retorno da Portuguesa ao Canindé dois meses após o anúncio do início da reforma demonstra o péssimo planejamento feito pela SAF, que tirou a equipe de seus domínios no Campeonato Paulista.
Na última semana, a mobilização começou para que entidades competentes pudessem vetar a segunda assembleia realizada para anular a Assembleia Geral Extraordinária do último dia 18 de março que aprovou a mudança de seu modelo de administração para SAF.
A reunião e a nova ata aprovada na Assembleia não seguiram o procedimento estabelecido pelo clube, desconsiderando uma recomendação do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) para realizar uma análise mais detalhada sobre a mudança.
O Canindé precisa de modernização. O modelo de SAF é a única alternativa para o futuro do clube, mas tudo tem que ser feito da forma correta. O estatuto do clube é soberano. Vamos à luta!
*Daniel Gil Gomes, sócio da Portuguesa e autor da ação que pede a anulação da assembleia que aprovou a SAF do clube.
Nota oficial da Portuguesa
A Portuguesa SAF vem, por meio desta, responder ao texto escrito por Daniel Gil Gomes, associado da Associação Portuguesa de Desportos, e publicado no blog do jornalista Juca Kfouri, em função das diversas informações imprecisas e não verdadeiras ali veiculadas.
Antes de qualquer coisa é preciso relembrar que o processo que levou à transformação da Lusa em Sociedade Anônima do Futebol obedeceu às regras internas do clube, passando pelo Conselho de Orientação e Fiscalização, (que, como o próprio nome já diz, é um órgão que orienta, mas não tem poder de veto ou aprovação), sendo aprovado por unanimidade no Conselho Deliberativo e votado duas vezes na Assembleia Geral de associados da entidade, com direito a uma expressiva votação favorável de 97% dos presentes.
Importante igualmente apontar que todo este processo de aprovação permitiu a legitima assinatura de um acordo de investimentos entre a associação e os investidores, que foi objeto de meses de negociação entre as partes e que, no mínimo, deveria ser lido atentamente por quem o contesta. Além disso, a Portuguesa SAF está devidamente homologada junto à Federação Paulista de Futebol e à Confederação Brasileira de Futebol.
No texto do associado Daniel Gil Gomes há uma clara e proposital confusão em relação aos direitos e deveres da Associação Portuguesa de Desportos como acionista da Portuguesa SAF. Detentora de uma participação de 20%, ela tem direito, obviamente, a 20% dos dividendos e a um assento no conselho de administração da SAF.
O aumento dos investimentos na área do Canindé em nada oneram a associação. Todos os investimentos na nova arena, no novo clube e em todo o complexo são de única responsabilidade da Revee, que assim os fará em troca da exploração do direito de superfície por 50 anos. Ao contrário do que afirma o autor do texto, o aumento dos investimentos anunciados ocorre por conta da incorporação de um hotel ao complexo, algo que beneficia a a SAF e seus acionistas, incluindo a própria associação.
Em relação aos credores da Associação Portuguesa de Desportos, todos eles foram incluídos no pedido de recuperação judicial da associação. Uma vez aprovado o plano de recuperação judicial e reestruturadas as dívidas, novamente como previsto no acordo de investimentos, as dívidas serão integralmente pagas dentro dos termos aprovados no plano e com os recursos gerados pelos royalties da exploração imobiliária da área do Canindé. Reforçamos que a recuperação judicial é vital para a sobrevivência da própria Portuguesa, que até hoje sofre com as más gestões realizadas nas últimas décadas.
Por fim, reafirmamos o entendimento de que todo o processo de aprovação e constituição da Portuguesa SAF foi legalmente conduzido dentro das regras estatutárias da associação e dentro da lei. O movimento de tentativa de anulação deste processo é, na visão da SAF e de seus investidores, fruto de disputas políticas antigas dentro da Associação Portuguesa de Desportos.
A SAF e seus investidores não são e não serão parte destas disputas. Contudo, como terceiro interessado e toda vez que for citada, a Portuguesa SAF se manifestará publicamente e em juízo, refutando todas as afirmações inverídicas e caluniosas, além de se posicionar nas instâncias cabíveis, responsabilizando os envolvidos.
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