Tem ASA e Águia na Série D

Favorito também é o Santa Cruz, a cobra coral do Recife, que talvez enfrente, já na fase de grupos, outro Santa Cruz, o de Natal. Só Deus sabe o que pode sair do duelo Santa Cruz x Santa Cruz. Que não seja nenhuma cruzada, nenhuma guerra santa.

A cobra coral de Pernambuco pode, quem sabe, na reta final, enfrentar o Cascavel do Paraná. Antes, porém, do suposto duelo entre o Santa do Recife e o Santa de Natal, pode sair o adversário do Água Santa, de Diadema.

Já Santa Catarina, que já teve com tudo lá em cima, e agora está com tudo lá embaixo, não quis saber de santo, mandou o Barra, de Camboriú, o Joinville e o Marcílio Dias. Mas, se é pra falar de santo, Santa Catarina passa a bola para o Rio Grande do Sul.

Com exceção do Brasil de Pelotas e do Guarany de Bagé, os gaúchos só vão mandar santos para a peleja nacional: o São Luiz, que é de Ijuí, e o São José, que é de Porto Alegre. Eis aqui outra santa disputa, outra peleja sagrada.

Por falar em Porto Alegre, a gloriosa Série D vai ter o Porto Velho, clube da capital de Rondônia, claro, e o Porto Vitória, uma das duas equipes capixabas. A outra vem a ser o Rio Branco.

Rio Branco que não é o da capital acreana. O Acre vem é com o Independência e o Humaitá, enquanto o Rio de Janeiro apresenta Nova Iguaçu, Boavista e Maricá.

Na Série D deste ano nós poderemos ter um grande encontro animal, entre o Cascavel e o Lagarto. Aquele, como já dito, é representante do Paraná, junto com Cianorte e Azuriz. Já o Lagarto vem de Sergipe, que ainda vai mandar o alvirrubro Gipão.

E se tem Gipão na parada, também tem um Trem. Que não é de Minas, mas do Amapá. E o Triângulo Mineiro, na quarta divisão, não terá "Beraba" nem "a Bela Araguari", só "Berlândia" mesmo, na companhia do Itabirito e do Pouso Alegre.

Se temos Trem, temos também o Treze, equipe de Campina Grande, na Paraíba. Que certamente, pela proximidade, vai ficar no mesmo grupo do Central de Caruaru, Pernambuco. Até na bola eles vão ficar no risca-faca para saber quem tem "o melhor São João do mundo".

Roraima, lá de cima, promete chegar chegando, com gosto de gás, pois seu representante vem a ser o GAS, que é o Grêmio Atlético Sampaio. Que talvez, em alguma etapa, se cruze com o Sampaio Correia, a Bolívia Querida.

Eita que o Amazonas vai mandar o Manauara e o Manaus, assim como o Distrito Federal terá Ceilândia e Capital. Um time que vai chegar forte é o América de Natal, Rio Grande do Norte. O Tocantins vem com União e Tocantinópolis.

Mato Grosso, com União Rondonópolis e Luverdense. Alagoas, além do ASA, tem o Penedense, da histórica cidade de Penedo. Do amado estado de Goiás, é quase tudo com G: Goianésia, Goiatuba, Goiânia... E tem também a Aparecidense, da cidade grudada em Goiânia. A Bahia vai mandar o Jequié, a Juazeirense e o Barcelona de Ilhéus.

E se tem um Barça que não é da Catalunha, temos um Inter, que não é de Milão, mas o de Limeira, interior de São Paulo, como o Monte Azul, duas equipes que prometem dar trabalho. O Ceará não tem disso não, ou melhor, o Ceará tem disso sim: é Iguatu, é Horizonte, é Ferroviário, é Maracanã.

Aliás, vocês já pensaram em ver, um dia, o time Maracanã jogando no Maracanã? O Ferroviário, outro dia, decidiu um título contra a Ferroviária. Quem sabe este ano não teremos um Trem X Ferroviário. Mas Mato Grosso do Sul vem de Operário e Maranhão é Maranhão, mais Sampaio e Imperatriz. Paraíba tem o Sousa (com s mesmo), assim como o Piauí terá o Altos e o Parnahyba (com h e ipsilone).

Mas o que eu quero mesmo, minha gente, é ver este ano o duelo ASA x Águia. No dia, se um atleta fizer três gols, deverá ser proibido, pelo regulamento, de pedir música do grande alagoano Djavan ou da simpática paraense Joelma. Goste-se ou não, vai ter que pedir um axé do Asa de Águia, para virar um verdadeiro carnaval.

Como diz a música, o ASA arreia, mas com Águia não se brinca. A Série D vem com todo GÁS. Não é por nada, não, mas estou achando que esse Trem vai ser é bão demais da conta, sô! Alô, Durvalino, meu rei, pegue essa onda, deixe de milonga.

*Marcelo Torres é jornalista e escritor, natural de Sátiro Dias-BA, mora em Brasília.