Neymar é aquele que não é

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POR JOÃO BATISTA FREIRE*
Neymar, e aqui escrevo mais sobre o que ele representa e menos sobre o que ele é, já jogou o jogo para o qual foi contratado pelo Santos Futebol Clube.
E esse jogo não é o futebol, mas um outro, que prescinde de presença física, de chutes, lançamentos, dribles e cabeceios.
Neymar, há muito tempo, é aquele que não é.
Trata-se do melhor jogador do mundo que nunca foi o melhor do mundo.
Não foi o melhor dentro do campo, mas no campo das representações foi e é.
Poucos assuntos, se é que teve algum, foram tão comentados quanto Neymar no Santos F.C.
Os que precisam ganhar dinheiro com isso, ganharão, os que precisam se alimentar de ilusões, se alimentarão, os que precisam compensar suas frustrações, compensarão.
Neymar, à parte sua extrema habilidade com a bola, é aquele que cai sem ser derrubado, que vence sem vencer, que joga sem jogar.
E as pessoas que o criticam não entendem que o jogo dele é outro, que no futebol atual, joga-se um outro jogo, paralelo às quatro linhas, invisível para o público.
Umberto Eco e seu texto "A falação esportiva" (do livro Viagem na irrealidade cotidiana) nunca foi tão atual.
Nesse outro jogo Neymar é o melhor jogador do mundo.
*João Batista Freire é doutor em psicologia escolar pelo Instituto de Psicologia da USP.
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