A volta do pioneiro à Libertadores
POR ANDRÉ UZÊDA*
Incontestável tricolor, o eterno ministro Gilberto Gil canta que, para o bem ou para o mal, Deus entendeu de dar a primazia à Bahia. Seja no primeiro Carnaval, no primeiro Pelourinho ou no primeiro índio abatido também.
Se é verdade que este projeto de país nasceu nas terras além-mar por onde Cabral desembarcou com sua esquadra, no futebol, foi o Esquadrão de Aço quem fundou a tradição brasileira no torneio Libertadores da América.
Campeão da Taça Brasil de 1959, vencendo o Santos de Pelé na final em três jogos, o Esporte Clube Bahia ganhou o direito de representar o país na primeira edição do torneio continental sul-americano.
O Bahia foi o primeiro brasileiro a entrar em campo pela Libertadores. O primeiro a perder. E também o primeiro a ganhar.
Enfrentou o San Lorenzo, campeão argentino, do craque José Sanfilippo - que, curiosamente, depois viria a ser ídolo do próprio tricolor baiano na década seguinte.
Perdeu por 3 a 0 em Buenos Aires. Venceu por 3 a 2 em Salvador. Estava fundada ali a tradição brasileira em Libertadores da América, hoje fartamente representada por 24 títulos, de 12 clubes diferentes.
O próprio Bahia voltaria ao torneio mais duas vezes. Em 1960, como vice da Taça Brasil - pois o campeão, o Santos, acumulava também a vaga de campeão continental - e em 1989, por ter faturado o Brasileiro do ano anterior, no time comandado por Evaristo de Macedo, com Bobô, Charles, Paulo Rodrigues e Zé Carlos entre os principais destaques.
Agora, 35 anos depois, o Bahia retorna à Libertadores. O oitavo lugar na tabela de classificação deste ano garante o direito de disputar a primeira fase do torneio da Conmebol. Caso avance, joga a fase de grupos.
O torcedor do Bahia esperava mais deste segundo ano de gestão do Grupo City, marcado por investimentos escassos na segunda janela de transferências, pela teimosia do treinador Rogério Ceni e muitos pontos entregues, em casa, na reta final do campeonato.
Mesmo com a bronca ranzinza, a torcida do Bahia não pode perder a sua qualidade rara em comemorar. "Fé na festa", diz também o incontestável tricolor Gilberto Gil.
Em 2026, é tempo de melar a América de dendê.
*André Uzêda é jornalista.
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