Nova regra do Mundial cria resultado 'perfeito' e dá margem a polêmicas
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Uma nova regra do Mundial de Clubes tem potencial para causar muita polêmica, e o primeiro teste será nesta quarta-feira (25), quando River Plate e Internazionale entrarem em campo, pela última rodada da fase de grupos.
Os dois times duelam às 22h (horário de Brasília) sabendo que, com um empate de 2 a 2, ambos se classificam para as oitavas de final. O "resultado perfeito" elimina o Monterrey, mesmo que os mexicanos vençam o Urawa Reds, do Japão, por goleada.
Mas por que isso acontece? A explicação está em uma mudança que a Fifa decidiu adotar pela primeira vez neste Mundial de Clubes, nos critérios de desempate da primeira fase.
Até a Copa de 2022, no Qatar, caso duas equipes terminassem empatadas em pontos, o saldo de gols nos três jogos disputados servia como desempate; em caso de nova igualdade, vinha o número de gols marcados. O confronto direto era apenas o terceiro critério.
Classificação e jogos

Neste Mundial de Clubes, o confronto direto foi colocado em destaque e tornou-se o primeiro critério de desempate. A ideia da Fifa era dar importância a cada jogo, tornando todos eles com um "clima de final".
Só que não é apenas isso: em caso de empate entre três equipes, o confronto direto ganha um protagonismo inédito. Se isso acontecer, entram em cena o saldo de gols e o número de gols marcados — só que apenas os jogos entre os times empatados serão considerados.
É aí que chegamos ao Grupo E, de Inter e River Plate. Nas duas primeiras rodadas, os dois clubes tiveram resultados parecidos: empataram com o Monterrey e venceram o Urawa Reds.
Caso River e Inter empatem na última rodada, e os mexicanos vençam os japoneses, o grupo terminaria com um empate triplo: Inter, River e Monterrey, todos com cinco pontos — uma vitória e dois empates.

Nessa situação, são levados em conta apenas os resultados entre os três times empatados. O confronto direto não serve como desempate porque todos os jogos terminaram em igualdade. O saldo de gols entre os três, também não. Entra em cena, então o terceiro critério: gols marcados apenas nos confrontos entre os três.
Até a última rodada, Inter e Monterrey têm um gol cada nesses confrontos, pois empataram por 1 a 1; o River não tem gols, porque empatou por 0 a 0 com os mexicanos. Sendo assim, um empate por 2 a 2 entre Inter e River levaria os italianos a três gols marcados, e os argentinos a dois.

Com isso, o Monterrey poderia vencer o Urawa Reds por qualquer placar, que ainda assim seria eliminado — no desempate, os duelos contra os nipônicos seriam ignorados.
O mesmo pode acontecer entre Real Madrid e Salzburg, na última rodada do Grupo H. Nesse caso, um 2 a 2 eliminaria o Al Hilal, que poderia golear o Pachuca por qualquer placar e ainda assim estaria fora das oitavas de final.
O time da Arábia Saudita empatou com o Real Madrid (1 a 1) e com o Salzburgo (0 a 0); ambos venceram o Pachuca. A situação é idêntica à da chave de River, Internazionale, Monterrey e Urawa Reds.

Precedente causou polêmica
Um empate em circunstâncias parecidas — e com os mesmíssimo critérios de desempate — causou polêmica há mais de 20 anos. Foi na Eurocopa de 2004, disputada em Portugal.
Suécia e Dinamarca chegaram à rodada final tendo vencido a Bulgária e empatado com a Itália por 1 a 1 e por 0 a 0, respectivamente. É a mesma situação dos grupos E e H do Mundial de Clubes: o placar mágico de 2 a 2 colocaria as duas equipes nórdicas na fase seguinte.
Em um estádio cheio de cartazes com dizeres como "2 a 2: Vitória Nórdica" e "2 a 2 e mandamos os espaguetes para casa", as duas equipes fizeram uma partida emocionante até o fim. E que terminou com o desejado placar de 2 a 2, depois de um gol do sueco Olof Jonson aos 44min da segunda etapa.
Francesco Totti, capitão da eliminada Itália, disse que o jogo foi "uma vergonha". Já Zlatan Ibrahimovic, atacante da Suécia, rebateu as críticas com uma provocação: "Se tivessem ganhado a vaga no campo, não estariam dependendo de outros resultados", afirmou na época.
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