Tragédia na Nascar mudou protocolo do clima em eventos esportivos nos EUA
O Mundial de Clubes, nos Estados Unidos, tem acostumado torcedores e imprensa a um fato novo: as paralisações em casos de tempestades elétricas. Foi assim em quatro partidas da fase de grupos até agora, incluindo a vitória do Palmeiras sobre o Al Ahly, na quinta-feira (19).
O motivo é um protocolo federal vigente no país para eventos esportivos ao ar livre. E a origem foi uma tragédia, acontecida em 5 de agosto de 2012 no Autódromo de Pocono, na Pennsylvania, durante uma etapa da Nascar.
O torcedor Brian Zimmerman, de 41 anos, morreu após ser atingido por um raio no estacionamento do autódromo, poucos minutos após o fim da corrida. Outras nove pessoas ficaram feridas, uma delas em estado gravíssimo, que foi liberada do hospital dias depois.
Os acontecimentos daquela tarde em Pocono mudaram para sempre a maneira como as autoridades — esportivas e políticas — lidam com a possibilidade de tempestades nos eventos em lugares abertos.
Na época, houve críticas à forma como a Nascar lidou com as condições extremas de clima. A forma com que os torcedores foram retirados da pista foi criticada, pois houve atrasos na comunicação - muitos relataram não ter ouvido os alertas por alto-falantes ou redes sociais a tempo para se dirigirem a locais seguros.
A tragédia teve impacto imediato na legislação esportiva: dias depois da prova, o Comitê de Competições de Automóveis dos Estados Unidos (ACCUS) revisou suas normas. Até então, cada pista e evento atuava de forma independente; a partir da prova de Pocono, houve uma uniformização do protocolo.
Nos meses e anos seguintes, outras entidades esportivas aderiram ao protocolo. As regras incluem a interrupção de eventos ao ar livre sempre que houver previsão de tempestade com raios a 13 km de distância, o aviso por mensagem ao público, a proteção dos torcedores em lugares cobertos e a retomada do evento apenas depois de 30 minutos sem raios.
Em 2017, o Weather Research and Forecasting Innovation Act (Lei de Inovação em Pesquisa Meteorológica e Previsão Climática, em português), também foi um passo importante na prevenção de novas tragédias.
Essa lei reforça a autoridade do National Weather Service, o serviço nacional de meteorologia (NWS) para desenvolver previsões mais precisas, rápidas e localizadas. Ela também melhora a comunicação de riscos meteorológicos graves, como relâmpagos, ventos fortes, chuvas intensas e granizo — todos cruciais para segurança em eventos ao ar livre.
Quatro jogos afetados
A lista de jogos afetados por tempestades no Mundial de Clubes começou com o adiamento de Mamelodi Sundowns x Ulsan, pela primeira rodada da fase de grupos. O duelo entre Pachuca e Salzburg ficou parado por 1h45min pelo mesmo motivo.
No caso de Palmeiras x Al Ahly, a tempestade não chegou ao estádio, e o duelo foi retomado após 50 minutos de paralisação. A interrupção mais longa aconteceu em Benfica x Auckland: foram mais de duas horas, logo depois do fim da primeira etapa.
Reportagem
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