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Em vitória contra PSG, Botafogo repetiu tática de maior surpresa da Copa

A vitória do Botafogo contra o PSG não foi sorte, foi estratégia. E uma estratégia que teve a inspiração de outro time que surpreendeu Luis Enrique, técnico do time francês: a seleção de Marrocos, uma das surpresas da Copa do Mundo de 2022.

Ainda no calor da partida e olhando para o placar do Rose Bowl, que mostrava o 1 a 0 para os brasileiros, o técnico Renato Paiva dizia que seu time "matou o PSG usando o mesmo veneno deles".

O comandante português se referia à capacidade de defender em bloco, de forma organizada, e sair para o ataque também de maneira ordenada. "Todo mundo defendendo, todo mundo atacando", nas palavras do treinador.

Gregore briga pela bola em PSG x Botafogo, duelo do Mundial
Gregore briga pela bola em PSG x Botafogo, duelo do Mundial Imagem: Sean M. Haffey - FIFA/FIFA via Getty Images

Fechando o meio

Na preparação para o duelo, Renato Paiva, a comissão técnica e os jogadores analisaram o vídeo da vitória do PSG sobre o Atlético de Madrid, por 4 a 0, no domingo.

Na goleada, o time francês fez 2 a 0 em jogadas de trocas de passes pelo meio. O terceiro gol começou com uma bola enfiada nas costas da defesa, também pelo corredor central. O quarto foi marcado de pênalti.

Depois de se debruçar sobre o duelo contra os espanhois, e também a final da Champions League, a comissão técnica não teve dúvidas: era preciso defender de forma mais recuada, evitando passes no corredor central. A ideia era forçar o PSG a ter posses de bola longas e, sem conseguir superar a defesa, tentar cruzamentos na área.

Pelo alto, a análise da comissão técnica botafoguense é que os zagueiros Barboza e Jair levariam a melhor contra Gonçalo Ramos, o único atacante com jogo aéreo mais forte na equipe de Luis Enrique.

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Deu certo: o PSG tentou 19 cruzamentos durante a partida e só dois atingiram o alvo — algum jogador em condições de finalizar. A média de cruzamentos do clube na temporada é de 12 por partida, segundo dados da Opta.

Nos dois jogos observados pela comissão técnica do Botafogo, o clube francês encontrou espaços pelo meio, cruzou pouco e goleou: foram apenas cinco bolas cruzadas nos 5 a 0 sobre a Inter, na final da Champions, e seis no 4 a 0 diante do Atlético de Madrid.

Luis Enrique, técnico do PSG, durante jogo contra o Botafogo
Luis Enrique, técnico do PSG, durante jogo contra o Botafogo Imagem: Frederic J. Brown / AFP

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A dinâmica e as estatísticas do jogo remetem a outro dia ruim para Luis Enrique: a eliminação da Espanha na Copa do Mundo de 2022, no Qatar, contra Marrocos. No caso, a partida terminou empatada por 0 a 0, e os africanos avançaram nos pênaltis.

Naquele duelo, os espanhóis tiveram mais posse, trocaram mais passes, mas viram um rival bem postado na defesa, que forçou a seleção europeia a cruzar a bola na área 22 vezes, mais que o dobro da média da equipe naquela época.

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Há mais números das duas partidas que revelam a semelhança entre ambas: a Espanha teve 77% de posse de bola, trocou 1019 passes (contra 305 dos marroquinos) e deu 13 chutes, apenas dois deles no alvo durante o tempo regulamentar e a prorrogação..

O PSG, do mesmo treinador, teve 75% de posse, trocou 749 passes (contra 262 do Botafogo) e tentou 16 chutes, apenas dois deles no alvo. "O Botafogo foi o time que melhor se defendeu contra a gente em toda a temporada — tanto na nossa liga quanto na Champions", reconheceu o técnico Luis Enrique.

Em 2022, a seleção de Marrocos não parou depois de superar a Espanha: ainda venceu Portugal, tornando-se a primeira equipe africana a jogar uma semifinal da Copa do Mundo; acabou em quarto lugar.

Depois da vitória, o Botafogo chega à última rodada da fase de grupos com ótimas chances de avançar: pode até perder por dois gols para o Atlético de Madrid que, ainda assim, estará nas oitavas de final.

Reportagem

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