Brasileiro do Mamelodi quer jogar Copa pela África e agita debate no país
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Vencedor das últimas oito edições do Campeonato Sul-africano, o Mamelodi Sundowns estreia no Mundial de Clubes às 19h (de Brasília) desta terça-feira diante o Ulsan HD, da Coreia do Sul. No duelo entre africanos e asiáticos, os olhares estarão voltados para um brasileiro.
O meio-campista Lucas Ribeiro Costa, de 26 anos, está no centro do debate do futebol no país africano. Desde que chegou ao clube, em 2023, ele é o melhor jogador da liga local. Na última edição, foi o artilheiro do torneio, com 16 gols.
As duas temporadas de altíssimo nível colocaram o brasileiro em uma situação curiosa, que começou com uma entrevista no fim de 2024.
Um jornalista perguntou a Lucas se ele gostaria de ser convocado para a seleção brasileira, e o meia foi sincero: disse que era muito difícil, porque o nível era altíssimo e os concorrentes jogavam em clubes da Europa.
Classificação e jogos
Na sequência, outro jornalista emendou a pergunta: e se você fosse convocado para os Bafana Bafana (como é chamada a seleção sul-africana de futebol)?
Lucas, que costuma usar um tradutor nas entrevistas, abriu um sorriso antes mesmo de ouvir a versão da pergunta em português. E caprichou na resposta.
"A proposta ainda não chegou à minha porta. Mas a seleção Bafana Bafana é uma grande seleção, tem muitos jogadores do Sundowns lá. Seria um prazer imenso, se tiverem realmente esse interesse", disse.
O debate do momento
A resposta até hoje causa um redemoinho no futebol sul-africano. A possibilidade de contar com Lucas é um dos assuntos mais comentados pela imprensa, e não demorou para chegar também às ruas.
O site Goal South Africa organizou até um debate improvisado entre dois torcedores, em uma praça. "Não tem ninguém como ele na nossa seleção, ele tem que ser convocado!", defendia um deles, levantando a voz.
O outro ponderava, dizendo que a seleção deveria focar nos recursos que já tem, e não ficar sonhando com um reforço que ainda não pode defender a equipe.
"A França, a Inglaterra, a Espanha... estão cheias de jogadores africanos e estão vencendo. Nós só precisamos de um: só de Ribeiro!", gritava o primeiro homem. Foi então que o adversário se deu por vencido: "É, eu concordo com você".
Técnico não fecha porta
A conversa ficou tão séria que chegou a Hugo Broos, técnico da seleção da África do Sul. Em uma entrevista, o treinador foi convidado a opinar, e tentou ser diplomático, agradando aos seus comandados, mas deixando a porta entreaberta.
"Ele é muito bom, mas não podemos exagerar com esse assunto. Eu não quero naturalizar jogadores ou transformar estrangeiros em sul-africanos. Não acho que esse seja o caminho", afirmou, antes de ponderar em favor do brasileiro.
"Temos que respeitar os jogadores sul-africanos, mas é claro que há exceções. Se ele for essa exceção e a possibilidade aparecer, por que não aceitar?", concluiu.
O mais curioso no debate é que ele acontece sem que Lucas Ribeiro tenha possibilidades reais de ser convocado. Para tanto, ele precisaria ter 5 anos de trabalho contínuo no país, o que só aconteceria em 2028.
A partir daí, iniciaria o processo de naturalização, que dura no mínimo 6 meses. O plano, então, seria para a Copa do Mundo de 2030, e não para o ano que vem. Só que, segundo veículos de imprensa sul-africanos, a federação de futebol local poderia usar expedientes para acelerar o processo.
Quem é ele?
Mas, afinal, quem é esse brasileiro que virou ídolo na África do Sul e pode até jogar pela seleção Bafana Bafana?
Lucas Ribeiro Costa nasceu em Santa Helena, no interior do Maranhão, e foi revelado pelo Pinheiro, que fica na cidade homônima, a 345 km da capital São Luís. De lá, aos 18 anos, ele foi jogar no Valenciennes, da França.
Após uma temporada na segunda divisão francesa, Lucas foi para a Bélgica, onde rodou por cinco times, entre primeira e segunda divisões. Em 2023, quando tinha propostas de outros clubes europeus, preferiu encarar a aventura de ir para a África do Sul.
A escolha que mudou a vida de Lucas Ribeiro Costa o transformou em referência num país apaixonado por futebol. O próximo passo, com o qual ele tanto sonha, é colocar a camisa da seleção Bafana Bafana.
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