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ReportagemEsporte

Ex-tenista e aposta do Real Madrid: quem é o novo fenômeno da Argentina

Quando Franco Mastantuono tinha 9 anos, ele percorria a Argentina ao lado de Guillermo Coria, ex-número 3 do ranking da ATP, ganhando torneios de tênis da categoria sub-10.

O garoto, canhoto e habilidoso, era uma das grandes promessas para manter nas quadras a linhagem de Guillermo Vilas, Gaston Gaudio, Juan Martín del Potro e do próprio Coria, seu mentor.

Só que, em 2019, quando Franco completou 11 anos, veio uma chance para mudar sua vida: um teste na equipe de futebol do River Plate. Até então, o tenista e meia-atacante praticava os dois esportes. Mas o chamado do gigante argentino exigia exclusividade.

Franco Mastantuono nos tempos em que era uma promessa do tênis argentino
Franco Mastantuono nos tempos em que era uma promessa do tênis argentino Imagem: Arquivo Pessoal

O garoto não teve dúvidas. Pendurou a raquete, guardou as bolinhas e foi atrás de seu maior sonho. A Argentina perdeu uma promessa do tênis. Seis anos depois, Mastantuono já é uma realidade com a bola nos pés.

Recorde e presente à torcida

Nesta terça-feira, às 21h, ele estará com a seleção argentina no Estádio Monumental, em Buenos Aires, campo de seu River Plate, para o duelo contra a Colômbia, pelas Eliminatórias da Copa de 2026.

Como a albiceleste já está classificada com folga, o técnico Lionel Scaloni deve fazer testes e dar pequenos presentes à torcida: um deles será Messi no time titular. "Espero que as pessoas aproveitem esse momento", disse o comandante.

O outro, segundo a imprensa do país, será dar a Mastantuono a chance de jogar alguns minutos diante de sua torcida.

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Mastantuono com o ídolo Messi nos treinos da seleção da Argentina
Mastantuono com o ídolo Messi nos treinos da seleção da Argentina Imagem: Reprodução/Instagram

Na vitória por 1 a 0 contra o Chile, na semana passada, o meia-atacante tornou-se, aos 17 anos e 10 meses, o jogador mais jovem a disputar uma partida oficial com a seleção. Ele atuou por 6 minutos e pôde jogar ao lado de Messi — quando Mastantuono nasceu, em agosto de 2007, o camisa 10 já havia disputado o primeiro de seus cinco Mundiais.

O fenômeno e os mitos

A estreia na seleção foi vista como um passo natural em uma carreira que vai pulando etapas. Já são 62 partidas no time principal do River Plate, com dez gols marcados e sete assistências.

Nos próximos dias, o Real Madrid deve anunciar a contratação do jovem, por cerca de 45 milhões de euros (cerca de R$ 290 milhões), mais bônus que não foram divulgados.

"É o típico meia-atacante argentino: canhoto, muito elegante. Não joga como um 10 porque costuma atuar mais pela direita, mas é um armador nato. Eu diria que, com Lamine Yamal e Estêvão, forma o trio de jogadores que devem dominar o futebol nos próximos anos", afirma o jornalista e analista tático argentino Manu Vieyra, que acompanha "Mastan" desde sua rápida passagem pela base do River Plate.

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"É um jogador muito vertical e tem uma batida na bola espetacular. O River Plate tem nomes importantes no elenco, mas é ele quem bate as faltas, os escanteios e ultimamente até os pênaltis. Ele é o líder de um maiores times a América do Sul aos 17 anos", acrescenta.

Para Sebastian Fest, que escreveu duas biografias de Lionel Messi e acompanha o futebol argentino há quatro décadas, Mastantuono tem os ingredientes que o torcedor local procura em um candidato a ídolo.

"Ele é meia, canhoto e tem habilidade. E isso mexe muito com o torcedor que vibrou com Maradona e Messi. Além disso, é um projeto de jogador muito bem estruturado: é maduro, não tem o perfil que se envolve com problemas. Por isso há tanto otimismo sobre ele", avalia.

Mastantuono já disputou 61 partidas com o River Plate
Mastantuono já disputou 61 partidas com o River Plate Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

O futuro é agora

A chegada de Mastantuono ao Real Madrid deve acontecer só em agosto — ele se despedirá do River Plate no Super Mundial de Clubes —, mas o debate futebolístico na Argentina atualmente passa pelo futuro do jovem.

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Há quem defenda que, na capital espanhola, ele terá muita competição por minutos, já que o elenco tem Kylian Mbappé, Vini Jr., Rodrygo, Endrick, Brahim Díaz e Arda Guller.

Ao ter menos chances no clube, agora comandado por Xabi Alonso, o argentino teria também menos oportunidades para conquistar uma vaga no grupo que Scaloni pretende levar à Copa do Mundo de 2026.

"Ir para o Real Madrid é uma coisa gigantesca. Estamos falando de um dos melhores clubes do mundo. É um passo enorme para ele, mas ele continua tendo 17 anos", afirmou o treinador da seleção argentina — Mastantuono fará 18 em agosto.

Scaloni afirmou, ainda, que é preciso dosar as expectativas para evitar pressionar a jovem promessa. "Nós precisamos que todos ao seu redor saibam que ele é um garoto de 17 anos. Todos nós temos que ajudá-lo, para que ele seja ainda melhor", acrescentou.

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