Em meio a guerra, Palestina faz sua final para continuar sonhando com Copa
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O futebol da Palestina viverá nesta terça-feira o dia mais importante de sua história. Enquanto isso, a Faixa de Gaza continua a ser alvo de ataques do exército de Israel, em uma guerra que começou em outubro de 2023 e já matou mais de 57 mil pessoas
Às 15h15 (horário de Brasília), em Amã, na Jordânia, a seleção palestina recebe Omã, num confronto direto para manter as chances de ir à Copa do Mundo de 2026. Os palestinos nunca disputaram um Mundial.
As duas seleções estão no Grupo B das Eliminatórias da Ásia. Omã chega à última rodada na quarta posição, com 10 pontos ganhos; a Palestina tem 9. Quem vencer garante uma vaga na próxima fase e a continuidade do sonho de jogar uma Copa — o empate favorece os omanis.
No momento atual da competição, as seleções foram divididas em três grupos de seis equipes, com os dois primeiros se classificando, enquanto terceiro e quarto vão para um próximo estágio. No Grupo B, Coreia do Sul e Jordânia já se classificaram de forma direta, e o Iraque garantiu um lugar na próxima fase.
Quem avançar entre Palestina e Omã irá para uma nova fase de grupos, com outras cinco seleções. Iraque, Emirados Árabes, Qatar e Indonésia já estão classificados; o sexto participante será Arábia Saudita ou Austrália. As equipes serão divididas em dois grupos de três: os dois primeiros colocados vão ao Mundial; os segundos disputarão uma repescagem.
Ainda que seja eliminada — nesta terça ou na fase seguinte — a seleção palestina já faz sua campanha de maior destaque a caminho de uma Copa do Mundo.

Guerra impede jogos no território
A tabela dos jogos das Eliminatórias Asiáticas da Copa do Mundo mostra que a Palestina é a mandante na partida desta terça. Só que a seleção jogará na Jordânia, a 95 km de Jerusalém, cidade que o Estado Palestino reclama como sua capital. A Faixa de Gaza — alvo dos ataques do exército israelense desde outubro de 2023, está a cerca de 150 km.
Antes mesmo do conflito mais recente, a Palestina não conseguia mandar seus jogos em casa devido às restrições de entradas, vistos e deslocamento na região. As relações conturbadas com Israel impedem que muitos possíveis adversários recebam permissão para entrar nos territórios palestinos.
Como há países no Oriente Médio que não reconhecem o Estado de Israel, a solução encontrada pela Fifa foi deslocar a seleção israelense para outras confederações: a equipe já disputou as Eliminatórias pela Oceania e atualmente participa das competições da Uefa, a confederação europeia.
A Palestina, por sua vez, foi reconhecida como seleção pela Fifa em 1998 e disputa as Eliminatórias Asiáticas desde 2002.
Adversária na disputa por uma vaga na próxima fase das Eliminatórias, a seleção de Omã representa um dos países que mais apoio tem dado à causa palestina. O governo do sultanato não mantém relações diplomáticas com Israel e afirma que não o fará até que os conflitos na Palestina sejam solucionados.

Seleção joga longe de casa
A seleção palestina que lutará para manter vivo o sonho de disputar uma Copa do Mundo é um retrato da situação política da região: há jogadores nascidos em Jerusalém, na Faixa de Gaza e um número considerável de atletas que nasceram na Europa, filhos de refugiados.
É o caso do atacante Wessam Abou Ali, que nasceu na Dinamarca e atua pelo Al Ahly, do Egito. Ele marcou o segundo gol na vitória por 2 a 0 sobre o Kuwait, na semana passada, que manteve as chances dos palestinos de avançar nas Eliminatórias.
A grande maioria dos jogadores atua em ligas do Oriente Médio, com predominância do Qatar. Mas há exceções curiosas, como o meia Enzo Agustín Manzur, nascido em Mendoza, na Argentina; descendente de palestinos, ele joga no Guaraní, do Paraguai.

O maior artilheiro da história da seleção é o meia-atacante Odday Dabagh, com 17 gols marcados. Ele defendeu o Aberdeen, da Escócia, na temporada passada.
Outro que joga no futebol europeu é o ponta Adam Kaied, do NAC Breda, da Holanda. Ele atuou pelas seleções de base da Suécia, país onde nasceu, mas desde o início deste ano defende as cores da equipe palestina.
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