Luis Enrique transforma PSG e leva Champions trocando estrelas por esforço
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O PSG passou uma década contratando algumas das maiores estrelas do futebol mundial para conquistar a Champions League. Há três temporadas, no auge da obsessão pela taça, formou um ataque com Messi, Neymar e Mbappé.
Neste sábado, em Munique, o objetivo foi alcançado de forma contundente: 5 a 0 sobre a Internazionale. Com Dembelé, Doué e Kvaratskhelia na linha de frente; Barcola e Mayulu entraram no segundo tempo.
A mudança de perfil do clube parisiense não foi acaso — foi estratégia. Depois de bater na trave na final de 2020 e passar longe da taça nos anos posteriores, a diretoria deu poderes a Luis Enrique, contratado em 2023, para fazer o time à sua imagem e semelhança.
O espanhol, que nos tempos de jogador abriu caminho no futebol de alto nível à base do esforço, tinha uma ideia clara: para vencer, precisaria de 11 jogadores que corressem, pressionassem, colocassem o plano coletivo acima do individual.

Luis Enrique é ciclista, ultramaratonista, fanático por endorfina e exercícios físicos — tem dezenas de alarmes programados no telefone para fazer pequenas rotinas de treinamento várias vezes ao dia.
O desafio era levar essa mentalidade de esforço extremo para o elenco. Para isso, era preciso achar as peças certas.
Ao chegar no PSG, o treinador recebeu um time com um Neymar encadeando lesões e sem a explosão de anos antes, e um Kylian Mbappé tão goleador quanto problemático para exercer funções táticas como pressionar a saída de bola e ajudar na marcação.
Antes mesmo do início da temporada 2023-24, o treinador decidiu prescindir de Neymar. Mbappé ficou para a temporada, chegou a ir para o banco de reservas, e partiu para o Real Madrid.
A ausência do artilheiro francês deu a Luis Enrique a chance de fazer algo que não havia conseguido na elite dos clubes europeus: montar um time à sua maneira.

Quando ganhou tudo com o time catalão, há uma década, o treinador se adaptou ao que tinha de melhor: criou um time ao redor de Lionel Messi, Luis Suárez e Neymar, que funcionava com base na genialidade do tridente.
Para ter o seu time em Paris, o técnico fez a diretoria mudar a matriz de contratações. O dinheiro continua falando alto, mas passou a ser melhor distribuído em todos os setores: Pacho, Vitinha, Dembelé e Doué, todos titulares na final, chegaram por valores entre 40 e 50 milhões de euros.
A renovação obedece a um propósito de mudar a mentalidade do time. Dos 11 titulares da final de 2020, perdida contra o Bayern, apenas Marquinhos continua com papel importante no time. Mas a diferença fundamental do PSG de Luis Enrique de seus predecessores vai além do elenco.
Há dois lances, um no início do jogo e outro no fim, que deixam claras as intenções do time e de seu treinador. Na saída de bola — como em grande parte da temporada — o PSG dá um chute para frente, mas para fora.

A ideia é provocar um lateral no campo de defesa para organizar uma marcação sob pressão em que todos os jogadores de ataque participam. Impensável em outros tempos.
Depois, já com o placar mostrando 5 a 0, aos 43min da segunda etapa, cinco jogadores do PSG pressionavam a saída de bola da Inter, com o volante Vitinha saindo da posição para tentar bloquear uma linha de passe.
Nesses pequenos detalhes percebe-se o quanto Luis Enrique exige de seus atletas e, ao mesmo tempo, o quanto os atletas estão dispostos a comprar a ideia do treinador e seguir o seu plano até o final.
O PSG que aplicou a maior goleada da história das finais da Champions é de todos os jogadores. Mas, acima de tudo, é a obra de um treinador que abriu mão das maiores estrelas do clube para ser campeão do seu jeito.
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