Dembelé renasce e chega à final da Champions como favorito à Bola de Ouro
Ler resumo da notícia

Em julho de 2024, quando o PSG começou os treinos da pré-temporada, um membro da comissão técnica do clube chamou o atacante Ousmane Dembelé para uma conversa.
O recado era simples e direto: "Se você transformar a sua qualidade em números, será candidato à Bola de Ouro".
Dez meses, 33 gols e três títulos depois, o francês chega à final da Champions League — às 16h de sábado, em Munique, contra a Internazionale — como forte postulante à maior premiação individual do futebol.
Líder do ataque do PSG, Dembelé teve uma temporada de transformação: passou de ser um jogador que servia de escada para grandes estrelas a ser ele mesmo o protagonista. E muito teve a ver com aquela conversa, relatada ao UOL por uma pessoa próxima ao jogador.
Quem acompanha Dembelé de perto afirma que a injeção de confiança proporcionada por Luis Enrique e sua comissão técnica "mudaram o chip" do jogador. O talento sempre foi uma marca da carreira do atacante, mas o jeito despreocupado, às vezes desligado, atrapalhava.

Num PSG pós-Mbappé, com colegas jovens como Bradley Barcola e Désiré Doué, o camisa 10 precisava dar um passo à frente. A mudança de mentalidade veio acompanhada de um ajuste tático feito por Luis Enrique: ambidestro e rápido, ele não ficaria mais nos lados do campo. Passaria a ser menos ponta e mais centroavante.
A versão "matador" de Dembelé levou o francês à sua melhor marca artilheira numa temporada, por muita diferença: ele já marcou 19 gols a mais que os 14 de 2018/19. São, ao todo, 45 participações (33 gols + 12 assistências) em 48 jogos.
Com os títulos da Ligue 1 e da Copa da França, o PSG entra em campo na Allianz Arena em busca do título inédito da Champions League para coroar um triplete que já nasceria histórico (o clube levou, também, Supercopa da França). Neste cenário, seria quase impossível as premiações individuais se esquivarem de um jogador do time parisiense — e Dembelé é o grande símbolo da era "pós estrelas".

Na Catalunha, virou piada
Quem vê essa nova versão do atacante pode se assustar. É normal. Afinal de contas, em Barcelona, ele chegou a virar motivo de piada e preocupação. Comentava-se das noitadas de videogames que o faziam chegar cansado aos treinos e do descuido com a alimentação.
Foi a "fase Fortnite e McDonald's", brincou um ex-dirigente do clube em conversa com o UOL.
A falta de cuidados com a alimentação e as escassas horas de sono tiveram seu preço: ele perdeu cerca de 40% dos jogos do time por lesões, quase sempre de origem muscular. A mais longa delas, uma ruptura de um tendão na coxa, afastou o francês dos gramados por seis meses.
Os memes sobre Dembelé no departamento médico circularam durante quase toda a passagem dele pelo clube. Sem poder jogar, ele teve que ouvir "elogios" de gosto duvidoso. Um dia, na chegada ao CT do Barcelona, um torcedor pediu um autógrafo e emendou: "Você é muito bom no Fifa. É muito bom, mesmo".

Disputa acirrada
A briga de Dembelé pela Bola de Ouro ainda passa pela decisão de Munique e pelo Super Mundial de Clubes, em que o PSG está no grupo do Botafogo.
Ao contrário do que acontecia no mundo de Messi e Cristiano Ronaldo jogando na Europa, há muitos candidatos.
Os mais óbvios são Lamine Yamal e Raphinha, do Barcelona campeão de Liga e Copa na Espanha; Kylián Mbappé, chuteira de ouro e artilheiro do Espanhol; Mohamed Salah, do Liverpool campeão inglês; e Lautaro Martínez, da Inter, rival do PSG pela Champions.
Abrindo o leque, o prêmio poderia manter os critérios da temporada passada e escolher um meio-campista de controle de jogo. Aí, Pedri, do Barcelona, Vitinha, do PSG e, Barella, da Inter, teriam sua chance de repetir o feito de Rodri.
Um título do PSG em Munique faria a balança pesar para o lado de Dembelé. Seria a redenção de um jogador que chegou cedo demais ao topo, e que precisou descer, reavaliar a carreira e a própria vida, para então subir de novo.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.