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Barcelona encanta com Yamal e Raphinha, mas o dono do time é outro

O Barcelona da primeira temporada de Hansi Flick ainda precisa de dois pontos em três rodadas para conquistar a Liga Espanhola, mas já está na história do futebol.

Mesmo eliminada da Champions League, a equipe da Catalunha ganhou um lugar na memória dos torcedores por juntar as peças que formam o quebra-cabeças que os fãs culés (e os de outras equipes) sonham ver em campo: disciplina, eficiência e magia; jogadores jovens cheios de sonhos, e veteranos que se contagiam com o ímpeto dos novatos.

É o time de Raphinha, o homem de mais de 50 participações em gols na temporada, renascido após dois anos de esforços pouco reconhecidos sob o comando de Xavi.

É o time de Lamine Yamal, o presente e futuro do futebol mundial, campeão europeu aos 17 anos, possivelmente o melhor jogador sub-18 que quem tem menos de 50 anos viu jogar.

É também o time de Lewandowski, o artilheiro que se redescobriu à beira dos 40 anos; de Szczesny, o goleiro fumante que saiu da aposentadoria para realizar o sonho de jogar pela equipe; de Pau Cubarsí, que parece ter 38 anos e não 18; de Jules Koundé e Alejandro Baldé, que silenciosamente se colocaram entre os melhores do mundo em suas posições; de Iñigo Martínez, o zagueiro pouco badalado, lento, mas que sempre chega.

Pedri comemora gol do Barcelona sobre o Rayo Vallecano em partida do Campeonato Espanhol
Pedri comemora gol do Barcelona sobre o Rayo Vallecano em partida do Campeonato Espanhol Imagem: REUTERS/Violeta Santos Moura

No comando de tudo isso, está Pedro González López — ou simplesmente Pedri: 22 anos, com a experiência de um veterano que há pelo menos quatro temporadas é quem leva a batuta do meio-campo azul e grená.

É raro ver uma jogada do time de Hansi Flick que não passe pelos pés do jogador, nascido nas Ilhas Canárias e revelado pelas categorias de base do Las Palmas.

Enquanto Raphinha, Lewandowski e Yamal empilham estatísticas de gols e assistências, Pedri tem números mais modestos: são 6 gols e 8 assistências, a última delas para o terceiro gol na vitória de domingo.

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Para entender a importância de Pedri, há três caminhos — todos recomendáveis para quem gosta de futebol.

O primeiro é assistir aos jogos do Barcelona na íntegra; o segundo, é ver o jogo no estádio, observando apenas o camisa 8; e o terceiro (mais fácil, porque mais barato e rápido) é pegar os lances de gols e jogadas perigosas do Barcelona e apertar o botão de "voltar 10 segundos", comum nos tocadores de vídeo de nossos tempos.

Muitas vezes, nos 10 segundos anteriores ao gol, ou a bola está com Pedri, ou acaba de passar por ele. Pode ser um passe entre linhas, uma virada de jogo, um lançamento que encontra o ponta que dá o passe para o gol.

O grande Barcelona, da Era Guardiola, tinha Xavi Hernández e Andrés Iniesta no comando do meio-campo; o time de Luis Enrique tinha Sergio Busquets como bússola, com Iniesta e Xavi (já reserva de Rakitic), caminhando para o ocaso.

O Barcelona de Hansi Flick tem Pedri. É bem possível — e compreensível até — que o canário não saia por aí empilhando prêmios individuais (embora tenha vencido como melhor jogador da Liga Espanhola no mês de abril); é bem provável que a Bola de Ouro, que em 2024 premiou Rodri, vá parar em outra estante.

Mas os troféus individuais importam pouco, neste caso. Pedri não joga para aparecer: ele é um facilitador, que sorri quando faz os colegas se consagrarem. O meio-campista onipresente é capaz de limpar jogadas com um toque, de devolver a bola sempre melhor do que ela chega.

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Em meio à complexidade dos dribles de Yamal, das corridas em diagonal de Raphinha e das finalizações milimétricas de Lewandowski, Pedri consegue algo que é incrivelmente difícil: ele nos faz enxergar beleza na simplicidade.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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