Eliminatórias na África chegam à metade com guerra, WO e favoritos em risco
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O continente africano terá pelo menos 9 seleções na Copa do Mundo de 2026, a primeira com 48 países representados. No sábado, o empate por 0 a 0 entre Sudão e Senegal marcou o fim da quinta rodada da fase de grupos — o que significa que metade do caminho já foi percorrido.
Num processo de qualificação que é histórico por praticamente dobrar as vagas do continente com mais países no planeta, há muitas histórias para contar. O futebol africano é uma fonte inesgotável de narrativas cativantes e vive com intensidade a disputa por um lugar no Mundial.
Antes de contar algumas dessas histórias, vamos ao regulamento. As 54 seleções foram divididas em nove grupos, cada um com seis países representados. Os vencedores de cada grupo garantem vaga na Copa do Mundo — os quatro melhores segundos lugares passam a uma repescagem que selecionará uma equipe. Esse país entrará na disputa da repescagem mundial para tentar ser o décimo representante africano.
A disputa nos grupos é em jogos de ida e volta, o que significa que em teoria todas as equipes teriam de disputar dez partidas.
(Mas, na prática, o Grupo E não funciona assim: a Eritreia desistiu das Eliminatórias antes do início e todos os jogos foram cancelados. Na mesma chave, o Congo foi suspenso pela Confederação Africana de Futebol (CAF) por interferência política na federação local; antes, a seleção congolesa já tinha sido derrotada por WO pelo Níger, por se recusar a disputar o duelo na vizinha República Democrática do Congo).
Feito o parênteses, vamos aos nove grupos e como está a situação em cada um deles.

Grupo A
Egito (13 pontos), Burkina Faso (8), Serra Leoa (8), Guiné-Bissau (6), Etiópia, (3) e Djibouti (1)
Comandados por Salah e Marmoush, os Faraós têm um caminho bem aberto para voltar à Copa do Mundo, depois de terem ficado fora no Qatar. Até agora, foram quatro vitórias e um empate, com apenas dois gols sofridos.
A briga pelo segundo lugar deve ser a atração do "segundo turno" das Eliminatórias, com Burkina Faso, Serra Leoa e Guiné-Bissau (única que conseguiu tirar pontos dos egípcios) lutando pelo posto. Mas a disputa tripla pode punir que levar a melhor, já que apenas os quatro melhores segundos avançam à repescagem.
Grupo B
Sudão (11 pontos), República Democrática do Congo (10), Senegal (9), Togo (4), Mauritânia (2), Sudão do Sul (2)
Uma das grandes histórias do futebol africano atual é a seleção do Sudão. Exilada na Líbia, devido à guerra civil no país, a equipe tem apenas atletas que atuam na África, e passou invicta pelo primeiro turno. Mais do que isso, está à frente de RD Congo e Senegal, que têm jogadores atuando em grandes ligas da Europa.
Terceira colocada, a seleção senegalesa vive um drama. O time de Sadio Mané, Koulibaly e Édouard Mendy hoje estaria fora até mesmo da repescagem. Uma situação terrível para quem ocupa a 17ª posição no ranking da Fifa e que esteve nas duas últimas Copas do Mundo.

Grupo C
África do Sul (10 pontos), Benin (8), Ruanda (7), Nigéria (6), Lesoto (5) e Zimbábue (3)
Os Bafana Bafana não jogam uma Copa do Mundo desde 2010, quando sediaram o torneio. Agora, o caminho parece aberto para retomar as participações em Mundiais. Mesmo sem grandes estrelas internacionais, a África do Sul tem uma base forte de sua liga doméstica, a mais forte do continente.
A grande decepção da chave é a Nigéria, que esteve em 6 Copas do Mundo entre 1994 e 2018. Atual vice-campeã do continente, a equipe de Victor Osimhen e Ademola Lookman precisa de uma reação histórica para beliscar a vaga direta. A disputa pela repescagem pode ser um prêmio de consolação, mas a pontuação baixa do grupo não ajuda.
Grupo D
Cabo Verde (10 pontos), Camarões (9), Líbia (8), Angola (7), Ilhas Maurício (4), Eswatini (1)
É o grupo mais disputado, com apenas três pontos separando os quatro primeiros. Cabo Verde lidera e sonha com sua primeira participação em um Mundial, mas o favoritismo ainda é de Camarões: no encontro entre as duas seleções, os Leões Indomáveis venceram por 4 a 1.
Além dos cabo-verdianos e camaroneses, a disputa pela vaga direta ainda tem a Líbia — principal surpresa da chave — e a seleção de Angola, que ainda não perdeu (venceu um jogo e empatou quatro). Os angolanos tentam chegar à sua segunda Copa, depois de caírem na fase de grupos em 2006.

Grupo E
Marrocos (12 pontos), Níger (6), Tanzânia (6), Zâmbia (3), Congo (0, suspenso) e Eritreia (0, desistiu de participar)
Primeiro, vamos aos números: com 12 pontos e 100% de aproveitamento, Marrocos não deve ter problemas em conquistar a vaga direta e voltar ao Mundial depois de ser semifinalista no Qatar. Se vencerem a Tanzânia, na sexta rodada, os marroquinos só ficaram fora da Copa com um desastre.
Os problemas do Grupo E vêm depois. Com a saída da Eritreia e a suspensão do Congo, a chave transformou-se numa confusa disputa de apenas quatro seleções. Confusa porque a seleção congolesa não havia enfrentado todos os adversários antes da suspensão, o que cria uma distorção nos pontos.
Além disso, para efeitos de repescagem, o regulamento prevê que se classifiquem os 4 melhores em pontos, mas — com jogos a menos — as equipes do grupo se sentem prejudicas. A CAF e a Fifa ainda não se manifestaram sobre como farão para tornar a disputa mais justa.

Grupo F
Costa do Marfim (13 pontos), Gabão (12), Burundi (7), Quênia (6), Gâmbia (4), Seychelles (0)
Os números e o futebol apresentado no primeiro turno não deixam dúvidas: Costa do Marfim e Gabão são as duas candidatas do grupo à vaga direta e à repescagem. Os marfinenses tentam voltar à Copa do Mundo depois de suas ausências, em 2014 e 2018, com Franck Kessié (ex-Milan e Barcelona, hoje no Al-Ahli), como líder.
Já o Gabão tenta dar ao maior jogador de sua história, Pierre-Emerick Aubameyang, a chance de disputar um Mundial. Aos 35 anos, o ex-ídolo de Borussia Dortmund e do Arsenal, é a grande estrela da equipe e o maior artilheiro de sua história, com 33 gols.

Grupo G
Argélia (12 pontos), Moçambique (12), Guiné (7), Botsuana (6), Uganda (6), Somália (1)
Potência continental, mas distante das Copas do Mundo desde 2014, a Argélia começou o grupo como grande favorita. Mas uma derrota em casa para Guiné complicou as coisas, e permitiu que Moçambique entrasse na briga.
O time lusófono, que busca sua primeira Copa do Mundo, tem como destaques o lateral Reinildo, do Atlético de Madrid, e o atacante Geny Catamo, que defende o Sporting, de Portugal.
Quem também tenta a vaga inédita, mas vê as chances cada vez mais distantes é a seleção de Guiné, que conta com o atacante Serhou Guirassy, do Borussia Dortmund, atual vice-artilheiro da Champions League.
Grupo H
Tunísia (13 pontos), Namíbia (11), Libéria (7), Maláui (6), Guiné-Equatorial (4) e São Tomé e Príncipe (1)
Presente em cinco das sete últimas Copas do Mundo, a Tunísia tem confirmado o favoritismo e ainda não levou gols após cinco partidas (venceu quatro e empatou sem gols com a Namíbia). A fórmula é a mesma que se viu nos últimos anos: um time defensivamente forte e taticamente aplicado.
Se não há surpresas na liderança, o segundo lugar é uma novidade: a Namíbia não tem grandes estrelas, tem uma base que joga no próprio país e ainda não perdeu após cinco duelos; hoje, iria para a repescagem. A grande decepção do grupo é Guiné-Equatorial: apontada como segunda força do grupo, a seleção está praticamente eliminada.
Grupo I
Gana (12 pontos), Madagascar (10), Comores (9), Mali (8), República Centro-Africana (4), Chade (0)
Única seleção do grupo que já foi a uma Copa do Mundo, Gana tem feito valer a experiência, apesar de já não estar em seu melhor momento. De fato, a seleção de Thomas Partey, Mohammed Kudus e Jordan Ayew nem era cabeça de chave — estava no pote 2 do sorteio.
O favoritismo teórico da chave estava com Mali, seleção de melhor ranking dentre as integrantes do grupo, mas a equipe das Águias decepcionou e a vaga no Mundial ficou mais distante.
A maior candidata a surpresa, por enquanto é Madagascar; caso se classifique, a equipe insular será o terror dos narradores, com nomes como: Rakotoharimalala, Randriamanampisoa e Randrianantenaina.
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